O título desta coluna transformou-se em um dito popular há décadas. De fato, ao que parece, nossos governantes não são muito “ligados” à realização de obras de infraestrutura. Analisando nossa cidade de Barroso, vemos que várias obras foram realizadas nos últimos 30 anos: escolas, creches, pontes, passarelas, dentre outras. Mas, se não me engano, a última grande obra de infraestrutura realizada pela administração pública municipal foi a canalização do Córrego da Avenida Carlos Alberto, o famoso “Canal”, que, diga-se, apesar de ter quase 35 anos, ainda não foi concluído (faltam corrimões, pontes com passagem para apenas um carro, mal cheiro que nunca termina, etc.). Não se desconhece a existência de obras pontuais ocorridas no município, como a construção de redes de esgoto e pluvial em alguns bairros da cidade. Mas, ao que parece, o problema é muito maior.
Somente neste ano de 2021, tivemos três grandes problemas relacionados a “obras debaixo da terra”: o desabamento de parte da pista da Rodoviária; a abertura de uma cratera na rua João Santiago (Rua dos Correios); e, a última, uma nova (ou velha, melhor dizendo) inundação da praça Salvador da Silva e Rua Daniel Pantaleão, em virtude das chuvas ocorridas no fim de setembro.
Os dois primeiros eventos demonstram que a rede pluvial da cidade precisa de urgente intervenção. São obras que não aparecem, mas que precisam ser realizadas com celeridade. A manutenção de ruas, de redes pluviais e esgotamento sanitário são medidas que devem ser feitas com recorrência, para que efeitos mais graves não ocorram, como foi o caso da Rodoviária e Rua dos Correios.
Mas, o problema havido na Praça Salvador da Silva e na Rua Daniel Pantaleão é o mais caótico. Há anos (ou décadas?) o problema se repete. Qualquer chuva mais forte inunda as ruas e a água invade pontos comerciais e residências. Existe um bueiro nas proximidades do Trailler que jorra água como se fosse um “chafariz”, dando mostras de que a rede pluvial existente não mais comporta o escoamento da água que chega naquele local.
A Praça Salvador da Silva, e suas imediações, é a parte mais baixa do centro da cidade, fazendo com que toda a água que vem da parte alta seja canalizada para aquele local. E está claro que a rede não mais suporta mais a pressão da água, haja vista inúmeras construções hoje havidas e a falta de áreas de drenagem em virtude de tais construções.
Ou seja, algo precisa ser feito para que referidos problemas sejam minorados. Os prejuízos dos comerciantes se avolumam. E o que vemos é que o Poder Público sempre comparece ao local para recolocar os briquetes… Mas o problema principal, que é a falta de escoamento subterrâneo, continua.
Como se não bastasse, no fim de semana do dia 26 de setembro, aconteceu o que já era previsto… A Avenida Prefeito Genésio Graçano foi tomada por lama após a chuva. Era um evento esperado… Os loteamentos e construções que estão sendo feitos naquela região, com grande movimentação de terra, acabam sendo “lavados” pela chuva. E quando isso ocorre, a água barrenta acaba concentrando-se na Avenida, mais precisamente nas proximidades do Clube Recreativo Barrosense, onde se forma uma verdadeira “lagoa”, que, após secar, deixa a Avenida imunda e intrafegável, seja pelo barro, seja pela poeira. E pior, o barro se avoluma no estacionamento do CRB e traz enormes prejuízos a seus usuários.
Não se está aqui atribuindo culpa aos loteadores. De modo algum. A discussão é trazida para que a sociedade, capitaneada pelo Poder Público municipal, possa tomar atitudes para que eventos como esse não ocorram mais. Ou, pelo menos, não se repitam com tanta frequência. Olhar para a infraestrutura é tão importante quanto fazer obras belas aos olhos da sociedade.
De fato, nossa cidade, a princípio, não precisa de novas escolas, Postos de Saúde ou creches. Os existentes, se bem geridos, são suficientes para atendimento à população. Mas as obras de infraestrutura são urgentes e, ainda que “não dêem voto”, são de extrema necessidade para a população barrosense.
Fica aqui uma dica: que as emendas parlamentares de nossos vereadores sejam realizadas também em benefício de obras sanitárias, que, afinal, tem relação direta com a saúde, já que água limpa, esgoto tratado e escoamento correto da rede pluvial são inegáveis predicados para o bem estar de todos os cidadãos.
Oxalá um dia nossos governantes possam pensar mais no hoje, no bem do povo, do que nas próximas eleições.
Por Gian Brandão