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Segunda-feira, 6 de abril de 1964, Barroso, Minas Gerais, 20h. Há exatos 55 anos, começava, naquele exato momento, a sétima sessão da primeira reunião ordinária do legislativo barrosense. Na Ordem do Dia, além do Fundo Rodoviário de cerca de 407 mil cruzeiros liberados para a Prefeitura naquela noite, a Câmara ainda nomeou uma Comissão para examinar e julgar as contas do mandado anterior do executivo referente a 1963. Até aí, mais uma noite de trabalho dos edis da época.

Porém, na segunda parte da reunião, nas “breves palavras”, um fato histórico e, mais tarde polêmico, se consumaria na Barroso da década de 60 que tinha como presidente da Casa Mário Braz de Souza. Consta no Livro de Atas 03, da Câmara Municipal de Barroso, referente ao período de 26/02/1964 a 12/04/1966 na página 4, os seguintes dizeres: “…o senhor presidente, em breves palavras, relembrou os últimos acontecimentos políticos no país que resultaram com a deposição do ex-presidente da República João Goulart, congratulando-se com os demais vereadores pelo notável desfecho de uma situação que se afigurava trágica para a Nação, com a manutenção dos princípios constitucionais e o retorno do país ao regime democrático, o que veio de encontro aos anseios não só de nós barrosenses, mas sim de todo o povo brasileiro…”. Não obstante, “franqueada” a palavra, o vereador Genésio Graçano, com aval unânime dos demais vereadores, propõe ao Legislativo o encaminhamento de uma Moção de Aplausos ao governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, e ao general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar de Juiz de Fora, pela tomada do poder. Estiveram presentes e assinaram a ata naquela noite: Mário Braz, Franklin Ferreira Filho, Milton Basílio, José Ferreira, Genésio Graçano, Epiphanio Barbosa, João Alves de Macedo Couto e Geraldo Napoleão de Souza. 

 

E mais, nos 13 dias do mês abril, na reunião seguinte, o vereador Geraldo Napoleão de Souza propôs e todos os demais vereadores aceitaram que fosse enviado um telegrama de congratulações ao General Castelo Branco, eleito recentemente Presidente da República, e, ao seu vice José Maria Alkmin. Por fim, no que consta no livro de ata, ainda no abril daquele 64, mais exatamente no dia 27, a Câmara recebeu, do general Olímpio, um agradecimento pela manifestação de solidariedade feita pelo legislativo barrosense ao mesmo. No que tange à política, foram estes alguns dos acontecimentos dos tempos que muitos, como estes vereadores e líderes, acreditavam, seriam a solução para o Brasil.

“É importante analisarmos a posição dos vereadores à época sob dois aspectos. O primeiro é o da dependência do município com relação aos recursos estaduais e federais. Se hoje nós ainda observamos a penúria da prefeitura, naquela época a situação financeira era muito mais precária. Logo, fazia sentido não se opor às forças do establishment. O segundo aspecto é o mais relevante. Em abril de 1964 era impossível prever que a intervenção se transformaria em uma ditadura de 21 anos. Basta pensar, por exemplo, que Juscelino Kubitschek e seu partido, o PSD, apoiaram a “eleição” de Castelo Branco no Congresso”, ressalta o sociólogo Antônio Claret.

 

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