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Com a mudança no calendário eleitoral após a promulgação da Emenda Constitucional 107/2020, as convenções partidárias poderão ocorrer a partir do próximo dia 31. O evento, que antes era sinônimo de aglomeração e festividades, terá de ser adaptado à realidade da pandemia do novo coronavírus.

Em Minas e em Belo Horizonte, a tendência é que os partidos prefiram os encontros virtuais ou semipresenciais. Algumas legendas aguardam, entretanto, em qual fase o isolamento social estará no próximo mês para definir datas e a forma do encontro. Os partidos têm até o dia 16 de setembro para a escolha dos candidatos.

A permissão para as convenções virtuais veio pela própria emenda constitucional para atender as recomendações médicas e sanitárias impostas. As legendas, entretanto, devem garantir ampla publicidade, a todos os seus filiados, das datas e medidas que serão adotadas.

Entre os partidos que já definiram a data, a preferência é para que as convenções ocorram o quanto antes. Essa é a estratégia utilizada, por exemplo, pelo PSOL na capital para apresentar ao eleitorado os nomes escolhidos. Kátia Sales, presidente da legenda na capital, confirmou que a convenção será de forma virtual e que estuda as orientações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as plataformas disponíveis.

“Não seremos nós, os defensores de que o povo tenha condições de cumprir a quarentena em segurança, que iremos furá-la. O contra de uma convenção online é não ampliar o diálogo com a cidade e os demais filiados. Porém, o quanto antes a gente isolar e estabilizar a contaminação pela Covid-19, mais rápido voltaremos a fazer o corpo a corpo e dialogar com as ruas, que é onde nos sentimos mais à vontade”, declarou.

O Partido Novo também já decidiu que a escolha dos candidatos será de forma virtual, no dia 1º de setembro, em decorrência da pandemia.

Membro da comissão estadual do Patriota, Wanderley de Araújo afirmou que a legenda deve decidir nesta semana a data da convenção, mas que a tendência é de ser já no dia 31 e de forma virtual. “Estamos procurando nos adaptar em relação a esse novo cenário. Definimos pelo formato virtual por ser seguro, mas sem prejudicar a democracia interna do partido”, disse.

O PRTB, que deve confirmar o nome do deputado bolsonarista Bruno Engler na disputa pelo Executivo em Belo Horizonte, também projeta a primeira data disponível para o encontro. De acordo com a presidente estadual do partido, Rita Del Bianco, a reunião deve ser semipresencial.

“Como coordenadora (de campanha), acho que essa convenção virtual é muito bacana, porque a gente gastava muito tempo e energia. Eu lembro que na nossa última convenção passaram na Câmara (de Belo Horizonte) mais de 3.000 pessoas, e muita gente teve que voltar porque não coube, deu superlotação. Eu sempre fui eleita a rainha das convenções. Sempre gostei das batucadas, aquela alegria acabou, mas a gente não pode deixar acabar dentro da gente. Acho que vou fazer semipresencial. Só com a presença dos pré-candidatos. Estou olhando um local que dê para fazer isso, é diferente, mas estou querendo fazer assim até para colocar uns balões azuis e amarelos para dar uma alegria no ambiente”, afirmou.

O senador Carlos Viana, presidente do PSD, afirmou que na legenda do prefeito Alexandre Kalil cada comissão regional tem autonomia para definir as datas das convenções. Ele afirmou que as convenções serão sempre virtuais, mas ressaltou a necessidade de se ter um grupo mínimo presencial, que ficará por conta de acompanhar os desdobramentos do encontro e dar “tranquilidade em relação às regras e ao cumprimento do que foi estabelecido na convenção”.

Já o MDB vai fazer um encontro presencial em Belo Horizonte no próximo dia 7. O deputado federal Newton Cardoso Jr., presidente da legenda, disse preferir esse formato.

“Nós teremos um misto de virtuais e presenciais, particularmente respeitando os protocolos de saúde, eu sou a favor de, quanto mais presenciais, melhor, por conta da legitimidade e da participação popular nessas convenções. Entendo que deve e pode haver as convenções virtuais quando não há disputa, quando não há discussão a respeito das indicações de nomes para as disputas majoritárias, sendo apenas uma formalidade a se seguir”, afirmou.

O Solidariedade vai se reunir no dia 5 de forma virtual. O Podemos, no dia 12, vai definir os seus nomes em um encontro presencial na capital, mas apenas com os candidatos.

“As convenções são uma grande festa, em que os candidatos têm oportunidade, na sua grande maioria, de falar das bandeiras que levam. Dessa vez vai ser mais tímida, é uma eleição atípica. A começar pelas convenções”, disse a vereadora Nely Aquino, presidente da legenda em Belo Horizonte.

O PSB deve bater o martelo no dia 7 de setembro. O presidente da sigla na capital, deputado federal Júlio Delgado, disse que a realidade impõe um encontro virtual. “Ainda não dá para declararmos o fim do isolamento por nossa conta e risco”, disse.

DEM, PT e PSDB usam prazo até o limite

Com a indefinição do cenário de pandemia e a expectativa de encontros presenciais, alguns partidos têm adiado o quanto podem a data das convenções. Este é o caso, por exemplo, de Democratas, PSDB e PT. O primeiro deles, inclusive, não deve ter um nome próprio ao Executivo da capital.

O senador Rodrigo Pacheco, presidente do Democratas no Estado, confirmou que não há uma data definida e que “a tendência” é pelo encontro virtual, mas ressaltou que esse novo cenário “naturalmente dificulta as reuniões e limita as convenções”.

“Estamos esperando porque toda essa adequação deve ser feita considerando o momento da pandemia também, então estamos adiando um pouco essa definição, mas certamente vai ser feita dentro do prazo, virtual ou presencial. Ainda não há essa definição, vamos fazer essa avaliação no momento oportuno, considerando o momento e o estágio do isolamento social e demais fatores inerentes à pandemia”, declarou Pacheco.

O secretário de assuntos institucionais do PT em Belo Horizonte, Edgar dos Anjos, confirmou estratégia semelhante à do Democratas e deixou em aberto o formato escolhido pela legenda.

“A indicação é que usaremos todo o prazo estipulado pela Justiça Eleitoral. Faremos a nossa convenção no limite da data. A persistir o quadro de orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo isolamento social, e com Minas Gerais com números cada vez mais elevados de casos de Covid-19, faremos nossa convenção de maneira virtual, que é como temos nos organizado desde o início da pandemia e como, inclusive, encaminhamos todos os processos decisórios do partido”, afirmou.

Já o presidente do PSDB no Estado, deputado federal Paulo Abi-Ackel, disse que a sigla está preparada para a convenção virtual e que fará uma “grande festa democrática”, cada um com seus dispositivos eletrônicos. O tucano, entretanto, disse que ainda não há definições sobre as datas dos encontros.

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