Armada “até os dentes”. Essa é a única expressão capaz de traduzir o tamanho do arsenal adquirido pela população civil em Minas Gerais entre janeiro e novembro de 2021: 1.926 a cada hora, em média, conforme dados dados do Exército Brasileiro, obtidos pelo Instituto Sou da Paz via Lei de Acesso à Informação (LAI) e compilados por O TEMPO. Os dados acompanham outro levantamento da entidade, feito a pedido da Globonews: a população civil armada já supera o efetivo das Forças Armadas: 605.313 contra 356.281.
O especialista em segurança pública e professor da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, critica o teor dos números obtidos pelo Sou da Paz e compilados pela reportagem. Para ele, a explosão do acesso à arma no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) será uma muralha difícil de superar.
“Nós teríamos condições para, ao longo desta década, manter essa tendência de queda no número de homicídios observada desde 2018. Mas, o governo dá um tiro no pé ao fomentar essa maior oportunidade para aquisição de arma de fogo na sociedade. Está criando um fator de risco para o recrudescimento dos homicídios nas cidades brasileiras”, diz Sapori.
O especialista vai além. Para ele, independente da abordagem dada pelo próximo presidente ao tema, o estrago da política armamentista do governo federal já está feito.