A maioria dos brasileiros ou teve algum sintoma de depressão e ansiedade durante a pandemia, ou pelo menos conhece alguém que teve. O resultado dos efeitos destes tempos de isolamento e incertezas pode ser visto no aumento do consumo de antidepressivos e ansiolíticos.
No ano passado, as vendas de medicamentos genéricos para doenças psíquicas subiram 26%, mais do que o dobro da média de crescimento dos genéricos em geral, que registraram alta de 11% em relação a 2019. Os dados são da IQVIA, auditoria especializada no varejo farmacêutico.
Só na Medley, a venda desse tipo de medicamento subiu 39%, contra uma alta de 19% dos demais genéricos. “Cresceu porque a demanda aumentou e a busca por tratamento também. Todos esses remédios só são vendidos com receita. É um sinal de que as doenças mentais realmente cresceram na pandemia”, explica a gerente de branding da Medley, Fernanda Elias.
A farmacêutica tem outro termômetro para medir o aumento do adoecimento mental durante a pandemia. Desde 2018, a Medley mantém a campanha “Pode contar”, uma plataforma que reúne informações sobre doenças mentais. Em 2020, o total de acessos ultrapassou 2 milhões, 135% a mais que em 2019.
Outro indicativo do maior consumo de antidepressivos e ansiolíticos vem da ePharma, que atua no ramo de convênios entre organizações e farmácias. Apenas em março de 2020, primeiro mês da pandemia, a empresa registrou, na ponta da cadeia, um consumo 4,8% superior ao do mesmo mês de 2019. Em dezembro, a média de consumo estava subindo num ritmo ainda mais acelerado: 13,6%.