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Diagnosticado com coronavírus, um morador de Ipatinga, no Vale do Aço, acabou detido nessa terça-feira (28) após quebrar a quarentena para encontrar a namorada em Caratinga, na Zona da Mata, e deve responder criminalmente por desrespeitar o protocolo de segurança. Até essa terça-feira, Caratinga ainda não tinha registro de morador com a doença.

Ainda na terça ele foi obrigado a retornar para Ipatinga, onde cumprirá o período restante da quarentena até o desaparecimento completo dos sintomas. Segundo a Secretaria de Saúde de Caratinga, o suspeito passou o fim de semana dos dias 18 a 21 de abril na casa da namorada, que é agente de saúde. Na quinta-feira passada (23), depois de retornar para Ipatinga, ele apresentou os primeiros sintomas da infecção. A coleta do exame aconteceu ainda nesse dia no Hospital Márcio Cunha, e o homem recebeu a orientação de permanecer em casa até, pelo menos, a conclusão do teste para coronavírus. Mas, em de ficar em casa, ele decidiu ir ao encontro da namorada, em Caratinga.

“Já em quarentena domiciliar, que é o protocolo para paciente com suspeita, ele pegou o próprio carro e retornou para Caratinga. Ainda não tinha saído o resultado, mas ele estava em quarentena domiciliar e deveria ter permanecido em sua residência”, explicou a secretária municipal de Saúde de Caratinga, Jacqueline Marli dos Santos.

Na segunda-feira (27), o teste do paciente saiu e apontou diagnóstico positivo para coronavírus. “A namorada dele, que é agente de saúde, procurou a vigilância do município e colocou o caso. Ela estava meio que desesperada com a situação. Imediatamente, cercamos as pessoas no entorno dela e conseguimos identificar outras quatro profissionais que trabalham com ela e com quem ela manteve contato nos últimos dias”, detalha a secretária. Após o retorno do namorado dela para Ipatinga nessa terça-feira, a mulher precisou ser internada apesar de não apresentar sintomas.

Em entrevista também nessa terça-feira (28), a secretária de Saúde explicou que a internação só foi necessária porque a mulher e o namorado começaram a receber ameaças logo que os primeiros comentários sobre a história começaram a circular na cidade. “Clinicamente ela está assintomática e não apresenta nenhum sintoma gripal ou respiratório. Então, por que interná-la se ela não apresenta sintomas? Primeiro porque ela é uma pessoa que mora sozinha e o contexto gerou para eles um desconforto. Estão recebendo ameaças por telefone, pessoas dizem que vão linchá-los, e ela está com muito medo. Nós vamos interná-la para garantir a preservação da integridade física e emocional dela, é o necessário no momento”, esclarece.

Crime

Além do mal-estar causado pela situação, o morador de Ipatinga que testou positivo para coronavírus precisará responder criminalmente por ter quebrado o protocolo de quarentena. “Todo e qualquer caso suspeito que esteja em quarentena incorre, sim, em situação criminal caso coloque em risco outras pessoas que estão em seu entorno. Ele saiu do domicílio em Ipatinga e veio para o município de Caratinga. Ele tem uma punição a receber”, detalhou a secretária.

De acordo com ela, a atitude do paciente foi completamente irresponsável e provocou um grande transtorno na cidade. “Ele alega que não sabia (que não podia quebrar a quarentena). Falei com ele que a atitude que ele teve de ir para Caratinga foi irresponsável. Um paciente suspeito em quarentena tem que cumprir a quarentena em seu domicílio. Ele jamais poderia ter vindo para Caratinga e tem consciência disso, sabe do problema que causou”, comenta.

Depois que a namorada do homem ligou para a Vigilância em Saúde do município na segunda-feira, a Prefeitura de Caratinga mandou uma equipe da Polícia Militar até a casa onde os dois estavam para que fosse registrada uma ocorrência contra o suspeito. “Nós comparecemos ao local, e nos foi relatado pelo paciente que ele só tomou conhecimento da positividade do teste (de coronavírus) na segunda-feira. Em relação à situação criminal dele, foi feito um boletim de ocorrência devido à quebra da quarentena. Isso gerou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) que o obriga a comparecer em juízo para prestar esclarecimentos”, conclui o tenente Lessa, da Polícia Militar.

Informações O Tempo

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