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O período da colheita do mel e do própolis na região de São João del Rei vem acompanhado de uma preocupação para os apicultores: furtos e saques nos apiários.

De acordo com a Associação de Apicultores de São João del-Rei (APIS del-Rei), os registros tornaram-se mais frequentes a partir de 2013. Foram contabilizados mais de 12 casos, onde foram levadas mais de cinco toneladas de mel. Prejuízo estimado de R$ 65 mil aos produtores, com perdas de mel, cera, própolis, caixas e enxames.

O motivo seria o valor de venda dos produtos. Segundo o secretário da APIS del Rei e professor de Apicultura e Meliponicultura da UFSJ, Deodoro Magno Brighenti dos Santos, neste ano, o quilo do mel é vendido a R$ 6 e o do própolis, R$ 240.

 
Professor de Apicultura e Meliponicultura da UFSJ, Deodoro Magno Brighenti dos Santos. — Foto: UFSJ/Divulgação
Professor de Apicultura e Meliponicultura da UFSJ, Deodoro Magno Brighenti dos Santos. — Foto: UFSJ/Divulgação

 

No entanto, há outro agravante: a falta de notificação dos casos. Poucas vítimas registram ocorrências, o que compromete a apuração e investigação por parte das autoridades policiais.

Prejuízos

De acordo com a Associação de Apicultores de São João del Rei, além do furto de mel e própolis, os ladrões levam ou danificam as melgueiras. As formas de mobilização para registro e enfrentamento dos casos foram discutidas em uma reunião no Centro de Referência do Trabalhador (CRT) do Campus Tancredo Neves (Ctan) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) neste mês.

Apicultores se reuniram para discutir a situação dos furtos em São João del Rei — Foto: Apis del Rei/Divulgação
Apicultores se reuniram para discutir a situação dos furtos em São João del Rei — Foto: Apis del Rei/Divulgação

 

O secretário da APIS del Rei disse que são mais de 150 apiários com uma estimativa de 10 mil colmeias.

Segundo ele, os furtos são rotineiros e ocorrem sempre neste período de colheita entre fevereiro e abril, na florada do eucalipto, aproveitando que as melgueiras ficam em locais afastados.

“Estes criminosos transitam de moto com dois baldes na lateral, eles localizam os apiários e cortam os favos com mel enchem os baldes, descarregam e voltam. Os quadros sem mel são recolocados nas colmeias e quando os apicultores chegam não há mais mel nem os favos com cera nos enxames. Há casos onde os enxames e as caixas são levados”, explicou.

Segundo Deodoro Magno Brighenti dos Santos, o prejuízo afeta além dos apicultores, porque os consumidores podem comprar produtos que não passaram pelo procedimento adequado de coleta.

“Este tipo de processamento é realizado por espremer a cera com as mãos para retirar o mel. Isso o contamina com impurezas e não segue o processamento obrigatório exigido de produtos de origem animal. E não sabemos se estes criminosos adulterando o mel. O risco é alto, além de prejuízos financeiros aos apicultores, os ladrões colocam em risco a saúde da população”, ressaltou.

 
Materiais dos apiários de São João del Rei — Foto: Apis del Rei/Divulgação
Materiais dos apiários de São João del Rei — Foto: Apis del Rei/Divulgação

Ao mesmo tempo, a própria ressalva das vítimas em não registrar os casos compromete os números e motivou a reação da Associação, que incentiva que os furtos sejam notificados. “Até o momento, são pouco registrados, mas o pessoal passou a tomar consciência e vão começar a registrar”, afirmou.

Polícias orientam a registrar os casos

A falta de notificação causa divergência nos números divulgados entre a Associação e as polícias Militar (PM) e Civil.

A PM informou que não foi acionada em nenhum caso de furto em apiário entre 2013 e 2019. E pesquisando no sistema de Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) foram encontradas duas ocorrências registradas diretamente na Polícia Civil: uma em 25 de maio de 2017 e outra em 29 de março deste ano.

Em resposta aos questionamentos do G1, o 38º Batalhão da PM ressaltou a importância dos apicultores registrarem o caso para que alguma providência seja adotada.

“O crime de furto a um material tão específico é algo singular, haja vista a necessidade de equipamentos especiais (macacão para apicultura completo com máscara) e conhecimento técnico para manuseio das caixas colmeia. Sempre que ocorrer, recomenda-se que a vítima acione imediatamente a PM no local”, destacou.

“Em uma das ocorrências mencionadas, o solicitante disse que já havia acontecido situações de furto anteriormente, mas que ele não procurou as autoridades para noticiar o fato. A falta de informação para os órgãos de segurança pública, prejudica na orientação e percepção da modalidade criminosa e retarda uma ação efetiva das polícias”, diz a PM em nota.

O registro do furto em 2019 foi confirmado pela APIS e pela Polícia Civil, que explicou os procedimentos em andamento. “Em consulta junto à Delegacia Adjunta de Crimes Contra o Patrimônio da 3ª Delegacia Regional, informamos que houve registro de apenas uma ocorrência, que se trata de uma diligência preliminar. Portanto, ninguém ainda foi detido. Caso seja, poderá responder pelo crime de furto”, informou ao G1 em nota.

 
 
Informações G1

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