O Brasil pode enfrentar a perda de 110 mil empregos após a imposição de uma tarifa de 50% por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações brasileiras. O número foi apurado em um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A pesquisa identificou que a agropecuária será o setor mais prejudicado com a perda de mão de obra após a barreira comercial imposta pela Casa Branca.
O levantamento, realizado pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar) da UFMG, estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode sofrer uma queda de 0,16%. A redução, em valores, é equivalente a R$ 19,2 bilhões.
No mercado de trabalho, o setor agropecuário pode enfrentar uma diminuição de ao menos 41.119 empregos, de acordo com um dos autores do estudo, o pesquisador do Nemea João Pedro Revoredo. Ele lembrou que os Estados Unidos são o principal destino para as exportações de café e sucos de laranja produzidos no Brasil. Produtos como carnes, cereais, oleaginosas, tratores e máquinas agrícolas também mantêm um intenso comércio com o território norte-americano.
Os itens devem ter quedas entre 1% e 4% na produção sob impacto da cobrança de 50%. ‘À medida que se verifica uma diminuição na produção em virtude dessas tarifas, é natural que haja também uma redução do emprego, pois será necessária menos mão de obra para uma produção menor,’ explicou Revoredo. O pesquisador complementou que o maior prejuízo na agropecuária também se relaciona ao menor uso de máquinas na produção.
No comércio, estima-se o corte de 31.696 empregos, enquanto nas indústrias de transformação 26.568 trabalhadores têm as atividades sob risco. Os setores de transporte, armazenagem e correio devem ter uma queda de 8.465 empregos, enquanto atividades de serviços perderiam 1.632 postos de trabalho e as indústrias extrativas 493. Tais números, segundo o estudo, evidenciam a abrangência e a seriedade dos impactos do ‘tarifaço’ de Trump no mercado de trabalho nacional.
NEGOCIAÇÃO
O governo brasileiro deve analisar uma proposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de pedir ao governo dos Estados Unidos o adiamento da cobrança da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, prevista para começar no dia 1º de agosto.
Informações O Tempo