A reabertura das agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) instaurou uma queda de braços entre o órgão e médicos peritos, mas quem sofre são os segurados. Isso, em meio à pandemia do novo coronavírus e restrição de atendimentos presenciais por quase seis meses.
Com serviços atrasados, o INSS entra em conflito com os médicos que recusam a retomada alegando que as agências não foram aprovadas em inspeção. O órgão diz que grande parte das agências chegaram a apresentar sim problemas estruturais relativos à perícia, mas não aos protocolos em relação à Covid-19.
Com isso, a retomada do atendimento presencial do INSS já tem filas e reclamações por todo o país, incluindo São João del-Rei e Barbacena. Os médicos não retornaram e as perícias agendadas estão sendo suspensas ou realizadas online.
Enquanto os profissionais da saúde acusam o INSS de não terem feito as adaptações necessárias nas agências para receber os segurados, em ambiente que gera aglomeração e tem público em grande parte idoso (grupo de risco para a Covid-19), o órgão rebate que os peritos pedem melhorias que estariam além do propósito de prevenção da Covid-19.
E, mesmo algumas poucas agências, cujos protocolos foram aprovados pelos peritos, no entanto, não retomaram a perícia médica.
Em nota, o INSS admite que “algumas agências” não atendiam todo o protocolo exigido pela Perícia Médica Federal, mas foram retiradas da lista dos locais que abririam na última segunda-feira (14) e retornarão assim que todos os protocolos forem atendidos, “da forma mais célere possível”.
O órgão não informa, contudo, quando pretende retomar plenas atividades. Os peritos contestam essas novas inspeções.
O Vice-presidente da Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP), Francisco Cardoso afirma que as poucas agências autorizadas a funcionar ficam em pequenas cidades do interior, a maioria com um único perito e incapazes de suprir inclusive a demanda local.
“A Covid-19 exige que o INSS fique em dia com coisas que há anos vínhamos cobrando e eles se fazem de surdos. Agora é a nossa vida e a dos segurados em jogo. Não se negocia isso”, afirma o representante.
SJDR e Barbacena
Em São João del-Rei e Barbacena os médicos ainda não retornaram às atividades. O portal Mais Vertentes tentou contato com o INSS de SJDR, através do telefone e WhatsApp informados para o agendamento.
Apenas por WhatsApp, o INSS de SJDR informou que “o atendimento presencial está sendo feito somente para quem está agendado, exceto às perícias médicas que continuarão sendo realizadas online”.
Já em Barbacena, a informação é de que os médicos ainda não se apresentaram e não há data prevista para retorno.
O telefone de WhatsApp do INSS de SJDR é 32 3371-8638
Como ficam os atendimentos?
A retomada de alguns serviços de forma presencial nas agências do Instituto do Seguro Social (INSS) levou ao aumento da demanda de segurados por atendimento nos canais digitais e telefônico.
Os serviços que voltaram a ser feitos nas agências precisam ser agendados, mas, com o excesso de demanda, o telefone 135 estava com todas as linhas de atendimento congestionadas já na terça (15).
O INSS admitiu que a central 135 enfrentou problemas, principalmente para quem ligou do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
E o pagamento?
Mesmo com as agências fechadas por quase seis meses, o INSS continuou a pagar benefícios que precisam de perícia médica. De janeiro a julho deste ano, foram pagos R$ 46,3 bilhões para os beneficiários de aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e auxílio-acidente. Esse valor é 14,4% maior que o pago nos mesmos meses de 2019, que tiveram um total de R$ 40,5 bilhões.
O INSS autorizou a antecipação de um salário mínimo (R$ 1.045) mensal para trabalhadores que estão na fila do auxílio-doença ou que solicitarem o benefício, por conta da pandemia. Com isso, possibilitou solicitar o auxílio-doença mediante apenas apresentação de atestado médico, sem a necessidade de agendar ou realizar perícia médica federal.
Durante os meses em que as agências ficaram fechadas, foram antecipados os pagamentos de 876 mil auxílios doença e de 186 mil cadastrados no BPC (Benefício de Prestação Continuada).
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