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Em silêncio. Essa foi a postura do vereador Gilberto Luiz dos Santos (PMDB) durante audiência pública da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal na quarta-feira, 16. A defesa do edil ainda tentou nova manobra para suspender a reunião, mas não deu certo. Exatamente por isso, o vereador se recusou a responder aos questionamentos com aval do advogado, Pedro Pereira, que citou prerrogativa prevista na Resolução 1.785, de junho de 2009.

A atual esposa do legislador, porém, foi ouvida e falou sobre o suposto recebimento indevido de benefícios do Bolsa Família por cinco anos, coincidindo com os mandatos de Santos na Câmara. O argumento da auxiliar de serviços gerais se sustenta em problemas conjugais e negligência de Santos. “Não fez nada por nós. Só deixou que morássemos na casa em que construiu”, comentou em relação ao período entre 2009 e meados de 2013, quando teria recebido depósitos do programa governamental antes de reatar com Santos e se casar oficialmente, no final do ano passado.

Acompanhado-do-advogado-de-defesa-Gilberto-Santos-assistiu-audiência-sobre-escândalo-do-Bolsa-Família-em-plenário-lotado.-Vereador-porém-se-recusou-a-prestar-depoimento-Foto-Gazeta

 

MANOBRA

A reunião teve início com a leitura de um ofício no qual Santos pedia o afastamento do presidente da comissão, Fábio Silva (PSB). O vereador acusado de decoro parlamentar alegou ter se sentido lesado por postagens de Silva em redes sociais expondo documentos envolvidos no processo.

No texto Santos solicitava, ainda, que o encontro da última quarta fosse suspenso até que a Comissão decidisse pelo afastamento ou não de Silva. A bancada de Ética e Decoro Parlamentar pediu desculpas pela divulgação do material na internet, mas alegou que não havia motivos para adiar novamente a plenária. O presidente da comissão também foi mantido e Santos permaneceu em silêncio. “Não há necessidade de novo depoimento se toda a defesa dele já está nos autos. Como essa manifestação não é obrigatória, meu cliente se resguarda a esse direito”,  disse o advogado Pedro Pereira.

ESPOSA

Gislane começou a falar por volta de 15h também acompanhada por Pereira em reunião marcada por deslizes da Câmara.

Ao ouvir os depoimentos, a bancada interrompia os interrogados para que secretários pudessem digitar o que era dito. O advogado, então, aproveitava as brechas para conversar com Gislane. Algo que irritou o presidente da mesa. “Gostaria que o senhor a orientasse em outros momentos. Não agora, já em plenária”, censurou Silva.

Pereira argumentou que a esposa de Santos estava nervosa e gostaria de falar aos vereadores da Comissão em sigilo. O pedido causou protestos no auditório e Gislane seguiu sendo ouvida.

Segundo ela, o relacionamento com Santos teve início ainda em 1996, mas entrou em crise no início de 2009, quando ele assumiu o primeiro mandato. “O poder subiu à cabeça. Ele não voltava mais para casa e brigávamos constantemente. Não estávamos bem. Foi então que apareceu uma segunda mulher alegando ter um filho com ele e nos separamos, em junho”.

Segundo Gislane, após a separação ela e os três filhos (dois de Gilberto) passaram por dificuldades financeiras, fazendo com que ela recorresse ao Bolsa Família e recebesse o benefício até 2013, quando reatou com Santos e se casaram oficialmente.

O argumento contraria entrevista de Santos à Gazeta no final de fevereiro, quando disse que pagava as despesas das três crianças. “Nunca me afastei das minhas responsabilidades, mas a renda dela não era fixa”, alegou à época.

A Comissão de Ética segue analisando o caso. A previsão é de que o julgamento do Legislativo tenha ultimato até 16 de maio. Caso não seja inocentado, Santos corre o risco de perder o mandato.

Com informações e foto do portal Gazeta de São João del Rei

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