Na edição 114 deste jornal o historiador barrosense Wellington Tibério, na coluna “Do fundo do baú”, comentou a condição de ostracismo a que foi condenada a estátua de Moisés, existente desde 1968 no Sistema de Abastecimento de Água de Barroso que, a partir de 1997, está sob a responsabilidade da COPASA. Segundo nosso historiador, a referida estátua “hoje é um monumento decadente… que entra para a História da cidade dos símbolos perdidos.” Que bom seria se fosse apenas o Moisés. Barroso, infelizmente, parece ligar pouco para outros símbolos que são registros da sua história, talvez por falta de uma legislação específica que os proteja e garanta sua preservação, embora o inciso III do artigo 12 da Lei Orgânica do município estabeleça como sendo da competência comum do Município “proteger os documentos, as obras e os bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.” E ainda, o inciso IV do mesmo artigo bate de novo na mesma tecla.
Neste ano de 2014 o que ainda resta no centro da cidade que lembre a Barroso da data da sua emancipação política? A Matriz de Santana, a casa (agora posta à venda) em que viveram as irmãs Pinto, notáveis educadoras, a casa do senhor Gilberto Napoleão, a do senhor Mário Braz, a das filhas do senhor Waldemiro Meireles, a do senhor Horácio Meireles, a do senhor Couto (segundo prefeito de Barroso) e, quase em ruínas e em completo abandono, a casa de dona Rute Meireles. Datada de 1969, existe no jardim da Praça Santana a estátua do Marechal Castelo Branco, sem qualquer placa que o identifique e justifique sua presença lá. Se perguntarmos aos alunos das nossas muitas escolas quem foi o baixinho daquele monumento, poucos saberão responder. Da original e histórica igreja de Santana, que depois se tornou igreja do Rosário, só resta a sua miniatura na Praça do Rosário, na frente o prédio do CESAN. E o que ainda vai acontecer com aquela que foi a estação ferroviária de Barroso de 1881 a 1983? A quem cabe a responsabilidade de preservá-la e dar a ela um sopro de sobrevida e de utilidade, para que não se perca mais essa testemunha símbolo da nossa história?
A História do nosso hoje só pode ser entendida a partir da preservação (sem prejuízo para o progresso) dos símbolos do nosso passado. Cidades próximas de nós, como Prados, Tiradentes, São João del Rei e outras, nesse aspecto se comportam melhor do que nós, que condenamos ao ostracismo e à demolição os poucos símbolos que ainda existem da nossa história.
Por Paulo Terra
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