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Mais um colunista estreia pelo Barroso EM DIA. Túlio Bernardino é graduado em História pela Universidade Federal de São João del Rei e a partir desta terça-feira, 11 de agosto, passa a colaborar com os seus artigos de opinião para o Barroso EM DIA.

Todo o conteúdo, assim como de qualquer outro colunista é expressamente opinativo e reflete a visão do autor. 

Seja bem-vindo, Túlio.

O que faz um presidente diante de uma pandemia?

Na atual conjuntura de pandemia há quem se pergunte sobre o que um presidente pode fazer em meio a essa situação, afinal ele não é médico nem o messias, apesar do nome. A questão é que falta o conhecimento sobre a real função do presidente da república em meio a crises como a que vivemos atualmente.

De fato, o presidente não é aquele que vai vestir o jaleco e ir para o laboratório ou para a linha de frente, mas ele e sua equipe são os responsáveis pela liberação de recursos para compra de materiais para a pesquisa, proporcionando condições de combate direto ao vírus. Basicamente, o que precisa ser entendido é que para se enfrentar a pandemia são necessários esforços conjuntos em que todo um sistema funcione, como uma engrenagem, e no Brasil atualmente a máquina está emperrada.

A ciência é parte importante para o funcionamento da engrenagem e a primeira atitude de um líder deveria ser ouvi-la e tomar as atitudes necessárias para a contenção da pandemia baseando-se em evidências claras. Outra parte da engrenagem são os profissionais da saúde que enfrentam de frente o vírus e necessitam de apoio técnico, de material de trabalho e suporte psicológico para encarar a pesada carga emocional dos tempos atuais. Mais uma vez, cabe ao presidente a indicação de um nome para o ministério da saúde para que medidas efetivas sejam tomadas.

Outro fator importante é a cultura, algo que tem sustentado a sanidade mental daqueles que tem que se manter em casa e precisam de filmes, livros, músicas e outra coisas. E o presidente, o que tem com isso? Bom, ser artista nunca é fácil e em meio a uma pandemia onde não se pode trabalhar na rua, circos fechados e filmes não podem ser produzidos. O mínimo que se espera é um suporte financeiro aos trabalhadores das artes, mas o que se vê é o silencio, novamente o silêncio.

Todas as medidas que foram tomadas partiram do congresso nacional, que mal ou bem tem exercido seu papel dentro do ambiente de pandemia. O auxílio emergencial aos trabalhadores, suporte aos profissionais das artes entre outras medidas, todas partiram do congresso nacional com pressão popular para sua aprovação. E o presidente? Finge que nada aconteceu e ainda quer o protagonismo em algo que não fez.

Finalmente, diante de mais 100 mil vidas perdidas o mínimo que se esperaria, não de um presidente, mas de um ser humano é a empatia com quem perdeu alguém que ama, um pronunciamento em defesa das vítimas, uma simples nota de pesar, mas nada disso tem sito feito, e um presidente que deveria ser uma peça importante da engrenagem que move a máquina de enfrentamento a pandemia se torna um empecilho que trava todo o ciclo e adia cada vez mais o fim da grave crise que o mundo enfrenta.

Um presidente na teoria é aquele que representa os interesses do povo, de todo ele, e não somente daqueles que o elegeram. Um presidente que não faz nada, ou pior, age contra aqueles que tentam fazer algo de prático, tem em suas costas o peso das vidas que foram perdidas. Para que a engrenagem se mova, é preciso que o povo a faça girar, pois a energia que faz a engrenagem girar é a força do povo, e não há em uma democracia energia mais forte.

Túlio Bernardino – Historiador barrosense graduado pela UFSJ

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