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Barrosense de coração, Maria Aparecida de Morais Viana, nos seus recém completos 96 anos, é um exemplo de simpatia e determinação. Dona Maria nasceu em 10 de abril de 1918, em Conceição do Formoso, distrito de Santos Dumont (MG). Criada na roça e acostumada com o trabalho pesado na lavoura, nunca teve oportunidade de estudar enquanto moça. A vontade de aprender a ler e escrever foi sendo levada pela vida, nunca esquecida. EDIÇÃO 106 - MARIA AP ABC CAPA

Casou-se ainda cedo, aos 16 anos, em 13 de junho de 1934, com o Sr. José Gonçalves Viana, no arraial onde moravam. Aos 23 anos, Maria Aparecida teve sua única filha, a quem deu o nome de Maria de Lourdes. No ano de 1973 ela veio para Barroso para poder cuidar da saúde do marido, que faleceu seis anos depois. Decidida a continuar na cidade, morou sozinha durante oito anos no Bairro Jardim Europa, depois se mudou para a vila da Sociedade de São Vicente de Paulo, no Bairro Guimarães, onde viveu por quase 30 anos. Foi lá, em meados de 2008, que seu antigo sonho de frequentar a escola ga-nhou vida nova, aos 90 anos de idade. Dona Maria foi convidada pelo Coordenador do Instituto ABC, Luciano Nogueira, para participar das atividades de alfabetização. Através da instituição, fez, pela primeira vez, sua carteira de identidade. Na mesma época, sua única filha veio viver em Barroso, a convite da mãe, logo depois de também ficar viúva.

Em 2010, mãe e filha realizam outro grande sonho, o da casa própria. O desejado “cantinho” foi construído no Bairro Bedeschi e de lá não saíram mais. Nos três anos seguintes, Dona Maria passou por problemas de saúde e precisou se afastar da escola. Recuperada e apaixonada pelos estudos, voltou ao Instituto ABC este ano e não pretende parar tão cedo.  “As pessoas falam ‘pra que estudar com essa idade?’, mas eu gosto, acho importante”, conta.

Sobre Barroso, a cidade que escolheu para viver, a simpática senhorinha diz simplesmente: “Eu gosto daqui. Gostei das pessoas daqui e não tive vontade de sair mais”. Hoje, aos 96 anos, comemorados na última quinta-feira (10), Dona Maria é aluna aplicada e tem “endereço fixo,” todas as tardes, a sede do Instituto ABC, onde realiza um antigo sonho de criança: estudar.

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