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Viúva, avó, dona de casa, voluntária e mãe. Estas são as fases da história de Maria das Dores Silva, 56, conhecida como Dadá no Bairro Santa Maria e em toda Barroso. Mãe de dois filhos e avó de um casal de netos, a ex-auxiliar de cozinha na APAE dedica a vida e todos os segundos dela ao filho especial, Jeison. “Ele nasceu prematuro de sete meses e no quarto mês de vida eu descobri que ele era diferente. Só que naquela época o pediatra não tinha muita informação sobre a deficiência dele, uma paralisia cerebral. Insisti com o médico e com um ano e meio ele fez o exame do pezinho que diagnosticou uma dificuldade: falta de coordenação motora. Dessa forma, começamos o tratamento e ele veio se desenvolvendo com o tempo”, conta a mãe de Jeison Pereira da Silva, 28 anos, que frequenta a Apae Barroso, é apaixonado por música, participa do coral da igreja e sonha um dia em ser locutor de rádio.

As dificuldades enfrentadas por Maria das Dores foram grandes e o medo no começo foi inevitável. “O primeiro momento é um susto, você planeja ter um filho, mas não planeja ter um filho especial, que vai sofrer, que vai ter uma deficiência. Com nove meses ele já falava um pouquinho, igual a um bebê, pequenas sílabas, mas não sentava, não virava o pescoço, só ficava deitado. Custou muito a dar um sorriso”, afirma. Antes Dadá tinha a ajuda do filho mais velho e do marido para dividir o tempo nos cuidados de Jeison, mas, com o casamento do filho e o falecimento do marido, ela passou a se dedicar de forma integral ao filho especial. “Eu nunca deixei o Jeison sozinho, me preocupo muito. Sair de casa para fazer qualquer coisa me preocupa”, diz.

Maria das Dores levava o filho todos os dias à Barbacena para fazer tratamento na Associação Barbacenense de Assistência aos Excepcionais (ABAE), que tinha diversas atividades de estimulação, mas, pelo cansaço de ir e voltar todos os dias da cidade vizinha e os problemas financeiros, Jeison foi transferido para a APAE Barroso, onde ainda realiza tratamento. Dadá conta que, apesar das dificuldades, existem muitas coisas que fazem valer a pena. “O primeiro sorriso do Jeison foi com seis meses de vida. Depois que aprendeu a falar, começou a desenvolver, não parou mais. Ele é bem humorado. Aonde ele chega faz boas amizades”, ressalta.

A mãe de Jeison conta que o ponto mais difícil de ter um filho especial não são os cuidados extras, mas a dificuldade que a sociedade tem em aceitar que eles são capazes. “O problema de ter um filho de APAE é que você tem que enfrentar a sociedade, tem que correr atrás, tem que ficar procurando muito, porque, além de enfrentar os problemas dele, ele tem que mostrar que pode ir muito além disso.  Tem que insistir”, desabafa. Maria das Dores conta orgulhosa sobre as habilidades do filho na música. “Ele já nasceu com esse dom (da música). Do meu futuro eu não espero muito, mas ele pode desenvolver mais. Tudo depende dele, do que ele quer fazer. Eu falo com o Jeison que ele tem que derrubar esses limites que são culpa da gente que acaba protegendo demais e atrapalha de certa forma no desenvolvimento pessoal”, conta.

Maria das Dores não se acha ‘especial’ por cuidar do filho com deficiência. “Quem está por fora assusta muito, mas no dia-a-dia a gente já acostuma, sabe o que tem que fazer. Fácil não é, mas às vezes é mais difícil por eles do que pela gente”, afirma.  “A mensagem que tem que passar para as mães de crianças especiais é essa: ela é a primeira a enfrentar o mundo com eles. O primeiro passo da mãe que tem esse filho é sair com ele de casa, mostrar que ele é diferente, lutar pelo o que ele quer, mostrar o que ele pode fazer e o que a gente pode fazer por ele. Porque se nós, os rejeitamos,  a sociedade rejeita mais ainda”, finaliza emocionada.


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