As comemorações de fim de ano e de vitórias dos times de futebol podem passar a ser realizadas sem os típicos estouros de fogos de artifícios e foguetes em Minas Gerais.
O deputado estadual Fred Costa (PEN) protocolou nessa quarta-feira (3) um projeto de lei que proíbe o manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos que emitam qualquer tipo de som em todo o estado. A motivação, segundo o parlamentar, foi o sofrimento que o barulho deste tipo de artefato causa nos animais, que têm a audição mais sensível do que a humana. No entanto, Costa lembra que o barulho afeta também enfermos, crianças, autistas, entre outros.
“É uma questão de saúde pública e bem estar. O barulho dos fogos de artifício é extremamente invasivo”, disse. A multa para a empresa que vender o produto será de cerca de R$ 32,5 mil e para quem comprar, de R$ 16 mil.
Se o projeto virar lei, as festas de fim de ano da família da confeiteira Érika Monduzzi, 38, serão diferentes. Há três anos ela e o marido deixaram de passar o réveillon na orla da lagoa da Pampulha porque a filha, hoje com 3 anos e 7 meses, começou a se desesperar com o barulho. Neste ano, a família passou a virada em casa, mas não escapou do barulho, que deixou a pequena muito assustada. “Ela sentou no sofá e chorou, aquele choro de pavor mesmo, me pedindo para parar”, contou Érika. O pânico durou de meia-noite até 1h.
“Impossível”
Apesar de já existirem no mercado fogos silenciosos, o coordenador do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais, Américo Libério da Silva, diz que “é quase impossível” produzí-los, sem dar muitos detalhes.
Santo Antônio do Monte, junto com outras seis cidades do Centro-Oeste de Minas, é o maior polo produtor dos explosivos no país. Ele teme que haja desemprego se o projeto for aprovado.
Senado faz consulta sobre o tema
O site do Senado Federal iniciou uma consulta com relação à proibição da venda de fogos de artifício e rojões que produzem ruídos em todo o território nacional. A iniciativa precisa alcançar 20 mil apoiadores para virar uma sugestão legislativa e ser debatida com os senadores. Os interessados têm até o dia 17 de abril para expressar sua opinião no site da Casa. Até as 19h dessa quinta-feira (4), já eram mais de 4 mil e 200 apoios.
Neste ano, o tema ganhou força com iniciativas como a do cartunista Mauricio de Sousa, que cancelou o show pirotécnico em seu sítio para evitar o barulho, e com relatos como o de uma moradora de Cotia (SP), que contou que sua cadela morreu em decorrência de um foguete que caiu em sua casa.
Informações O Tempo