A empresa Mendes Júnior, muito conhecida dos barrosenses pelo trabalho de Expansão realizado nos últimos anos na cidade, vive a maior crise da sua história e abandonou uma das principais obras do Brasil, a transposição do Rio São Francisco.
Uma das obras paradas por causa da Operação Lava-Jato pode contribuir para o colapso no

abastecimento de água em Fortaleza, no ano que vem. Em julho, por falta de condições financeiras, a empreiteira Mendes Júnior abandonou os trabalhos no eixo norte da transposição do Rio São Francisco e adiou mais uma vez a conclusão do projeto, visto como solução para atenuar os efeitos da maior seca dos últimos cem anos no Nordeste.
Quando pronta, a Transposição do São Francisco levará água até o município de Jati, na divisa do Ceará com Pernambuco. De lá, por canais que ainda estão sendo construídos pelo governo estadual, a água irá até o Castanhão. A previsão inicial era que a transposição ficasse pronta em 2014.
Na Lava-Jato, a Mendes Júnior é acusada de integrar o cartel de empresas que fraudava licitações e pagava propinas. Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empresa, foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
“Mais um pouco e a Mendes Júnior não entregaria essa obra em Barroso. A gente que esteve lá dentro sabe que se essas denúncias da Lava-jato acontecessem um ano antes, a Expansão da Fábrica iria precisar de uma nova empreiteira”, declara um ex-funcionário da Mendes em Barroso.
CONCLUSÃO
O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, afirma que o eixo norte da transposição do Rio São Francisco ficará pronta em setembro de 2017, mesmo com a decisão de fazer nova licitação para escolher a empresa que substituirá a Mendes Júnior no restante da obra, orçado em R$ 600 milhões.
Hoje, o reservatório Castanhão, que abastece 3,5 milhões de habitantes da Região Metropolitana de Fortaleza, opera com apenas 5,3% da sua capacidade. Se a seca dos últimos cinco anos se repetir na próxima temporada de chuvas, que começa em fevereiro, a cidade ficaria sem água em maio, segundo previsão do governo estadual. Para evitar o caos, a solução emergencial é o racionamento.
Com a desistência da empreiteira de tocar a transposição, o Ministério da Integração Nacional decidiu realizar uma nova licitação. O processo tem previsão de ser concluído em janeiro. O caminho escolhido gerou um embate político entre o governador cearense Camilo Santana (PT) e o governo federal. O petista defendia uma contratação emergencial para agilizar a obra.
Informações O Globo. Complemento BED.