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Este número do Barroso EM DIA estará nas mãos dos leitores no sábado imediatamente anterior ao início da Copa do Mundo de futebol da FIFA, edição de 2014. A seleção do Brasil, único país que participou de todas as outras copas mundiais anteriores, estará tentando conquistá-la pela sexta vez. E esta será a segunda vez que a competição se realizará no Brasil. Podemos até vir a ser hexacampeões mundiais. Esta é a nossa perspectiva e a nossa torcida. Mas, como na copa de 1950, pode dar zebra outra vez. Tanto que nas cinco vezes em que o Brasil foi campeão, nossas vitórias foram conquistadas longe de casa, na Suécia, no Chile, no México, nos Estados Unidos e no Japão.

Se viermos a ser hexacampeões, esta conquista terá uma grande diferença das anteriores, ou seja, o preço pago por nós. Em todas as outras edições da copa do mundo o Brasil teve apenas as despesas de preparação da seleção e da sua viagem e estadia no Brasil em 1950, e no exterior nas outras. Já nesta, de 2014, quer ganhemos, quer percamos, o custo pago por nós é astronomicamente assustador (muitíssimo maior do que o pago por outros países que já sediaram a copa do mundo da FIFA). Fora os custos normais de preparação e acomodação da seleção, as obras superfaturadas de construção e reforma de arenas, de adaptação de aeroportos e da infraestrutura urbana de acesso a eles (muitas ainda até hoje inacabadas ou com grandes deficiências), também  teremos que arcar com os custos exorbitantes de mobilização de forças militares e civis de serviço secreto para garantir a segurança de hotéis e estádios, das vias de acesso a eles, e para proteção de autoridades daqui e de fora nas doze cidades sede dos jogos. E se, apesar de todo nosso ufanismo, o Hexa não vier, além da frustração, o buraco das contas já pagas e das ainda a pagar continuará aberto.

Daí a razão da pergunta, título desta matéria: E DEPOIS QUE OS CRAQUES SE FOREM? A resposta, meus amigos, é cristalina: Continuaremos a conviver com o craque (= fracasso)  já existente antes da copa, de transporte coletivo insuficiente, ineficiente e indecente; de hospitais públicos em condições desumanas de atendimento à população em geral (os ricos podem pagar hospitais de primeiro mundo e para nossas autoridades nós pagamos as despesas de tratamento delas); segurança pública caricata, em que a polícia prende hoje e amanhã  traficantes, estupradores, pedófilos, corruptos, assassinos adultos ou menores, já estarão na rua, soltos devido à legislação que lhes garante a impunidade; inflação oficial mascarada, engolindo o parco rendimento de trabalhadores e de aposentados; e, talvez a desgraça maior do nosso Brasil, políticos cheios de mordomias que, salvo poucas e honrosas exceções, só sabem usar seus cargos para perpetuarem suas regalias e seus mandatos.

E, infelizmente, depois que os craques da copa voltarem para os clubes que lhes pagam fortunas, o CRACK e outras drogas continuarão destruindo vidas e famílias.

 

Por Paulo Terra

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