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Marten Kingma : Suicídio ou Homicídio?

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Marten Kingma, procedente de uma tradicional família holandesa, veio para o Brasil por volta de 1912. Era técnico em laticínios e em Barroso fabricava queijos tipo Edan e do Reino. Na manhã do dia 24 de setembro de 1928, foi encontrado morto com um ferimento abaixo das costelas. Seu óbito foi registrado pelo subdelegado de polícia, Francisco de Paula Souza, sendo a causa da morte presumida em suicídio por meio de uma carabina. Martem tinha 40 anos, era solteiro e não tinha motivos aparentes para cometer um suicídio, era inclusive protestante. No entanto, fora encontrado morto, com a arma ao lado do corpo e a casa fechada. As dúvidas sobre este possível suicídio se confirmam após a recente descoberta de um documento. Trata-se de uma provisão concedida pelo Arcebispo de Mariana concedendo “privilégio” de sepultura perpétua, no cemitério paroquial, em 7 de agosto de 1929. O compromisso de zelar pelo jazigo foi firmado pelo seu irmão João Kingma. Como pode um suicida e protestante gozar de sepultura no cemitério da paróquia? Se houve homicídio, por que não houve investigação do caso? Perguntas de um mistério para as quais não se tem respostas dos tempos em que as ruas de Barroso eram mal iluminadas, as casas bem distantes e sem muitas autoridades para garantirem a segurança dos moradores. O olhar inquiridor de Martem parece buscar respostas…

Infância Perdida…

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Arquivo pessoal: Geisa Graçano

 

Fotografia de um desfile cívico militar em Barroso onde as autoridades dispostas no palanque oficial aguardam os militares em sua habitual marcha. O prefeito Genésio Graçano na primeira fileira acompanha um militar de patente elevada. No entanto, o que mais chama a atenção nesta fotografia são as crianças que, empoleiradas em uma árvore da praça Sant’Ana, prestigiam o evento. Diante da rigidez de um regime militar, a ousadia das crianças, que talvez não compreendessem a importância que a data exigia, a Independência do Brasil proclamada em 1822, nos impressiona. As autoridades revestidas do poder e com suas melhores vestes emprestavam à data uma importância singular. A fotografia é emblemática em revelar que tudo é passageiro: um regime político, um estilo de roupa e até mesmo a infância com suas lembranças de molecagem e travessuras. Os tempos são outros, mas o país ainda comemora sua independência e as árvores ainda enfeitam as praças. Mas onde estão as crianças?  parece que a infância virou historia.

Cabo Joaquim Valério e o Cangaceiro Lampião

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Joaquim Valério dos Santos nasceu, em 17 de novembro de 1902, na localidade do Elvas, filho de Valério Guilherme dos Santos e Olímpia Antônia de Jesus. Apresentou-se para o Serviço Militar em 1925 e, sendo aprovado nos exames rotineiros, foi incorporado ao Regimento em São João del Rei. Naquele período da República Velha, o Brasil vivenciava momentos de muita tensão e constantes revoltas militares. Participou de diversas operações de guerra em todo o território nacional, de forma específica nos estados de Pernambuco, Ceará, Sergipe, e na Bahia onde foi acometido de moléstias que o impediu de exercer suas funções militares. No entanto, foi rapidamente socorrido no hospital na cidade de Juazeiro quando então retornou aos campos de batalha. A partir do ano de 1927, foi considerado reservista de 1ª categoria. Algumas curiosidades podem ser relatadas durante o período em que o cabo Joaquim Valério dos Santos participou das referidas campanhas militares como, por exemplo, o fato de que o cangaceiro Lampião atuou como “guia” para as tropas do Regimento e também o fato de terem recebido a benção do renomado Padre Cícero em momentos cruciais das pelejas militares. Joaquim Valério dos Santos casou-se, em 05 de setembro de 1931, com Maria da Conceição de Jesus quando passou a residir no distrito de Barroso. Foi durante muitos anos empregado do senhor Antônio Graçano e veio a falecer, nesse município, em 09 de fevereiro de 1982. Resgate da memória dos bravos militares por ocasião das comemorações do dia do soldado – 25 de Agosto.

 

“Nem só do pó de cimento vive o homem”

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A foto retrata a construção da Fábrica de Cimento em Barroso cujo primeiro forno foi inaugurado em 14 de agosto de 1955. Por mais de uma década, a empresa funcionou sem os eletrofiltros e as três chaminés, que pronunciavam o progresso, também expeliam poeira e desconforto para o barrosense. A poluição, que invadia as casas e cobria os carros, era uma constante na terra do cimento  e se tornou tema de discussão entre os vereadores durante os anos de 1977 e 1979. O problema, longe de ser resolvido, se intensificava após a utilização do carvão mineral como fonte de combustível, gerando mais incômodos pela poeira negra. Um manifesto do povo de Barroso foi entregue ao governador do estado Francelino Pereira, em 16/08/1980, há exatos 34 anos. Mas foi somente em 23/03/1992 que o desconforto da poluição virou caso de justiça, através de inquérito civil público instaurado no Ministério Público, quando as moradoras do bairro Rosário deixaram as vassouras e recorreram às vias judiciais para protestar contra a poluição. Elas entraram em cena novamente em 2003. Dirigiram-se à empresa com panelas e colheres e fizeram manifestação. Desta vez contra um mau cheiro resultante  da incineração de resíduos tóxicos, uma nova forma de poluir era inaugurada denominada co-processamento de resíduos sólidos. Diante do silêncio das autoridades locais, a voz do padre se fez ouvir nos anos 2007 e 2011 em defesa de seu rebanho debilitado e flagelado por uma multinacional. Ao longo dos 59 anos de história da cimenteira em Barroso, o progresso veio através da geração de empregos e impostos para os cofres municipais, sobretudo na luta de seu povo e lideranças políticas e religiosas contra a poluição. (fonte: CORREA, Peterson Ávila. Conflitos Ambientais em Barroso: a fábrica de cimento e movimentos sociais 1955-2013 dissertação de mestrado, UFSJ 2014).

 

Moisés no ostracismo

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Em evidência a estátua de Moisés, monumento edificado por ocasião do Sistema de Abastecimento D’Água de Barroso que consistia em cinco filtros cilíndricos de 4m e 15 bombas de HP que possibilitavam a floculação, filtragem e tratamento da água. O projeto do engenheiro Asplênio Álvaro da Silveira foi inaugurado, em dezembro de 1968, pelo prefeito Genésio Graçano, numa época em que investimentos públicos eram viabilizados juntamente com monumentos edificados como marco de uma grande obra de modo que a administração daquele prefeito foi um divisor de águas na história de Barroso. Moisés segura, em uma de suas mãos, as tábuas da lei e, em outra a mão, sustenta a vara apoiada sob uma grande pedra. Detalhes artisticamente traba-lhados da estátua fizeram do Moisés de Barroso um cartão postal que também foi exibido como capa da revista dos municípios mineiros, edição nº 19, de janeiro de 1969. A Estação de Purificação D’Água, onde Moisés se encontra, assim como os demais postos artesianos da cidade, foram transferidos para a COPASA, pois a lei 1.608, de 19/08/1997, autorizava a concessão dos serviços de abastecimento de água e esgoto da cidade à Companhia de Saneamento de Minas Gerais. Desta vez não houve monumentos, mas hidrômetros foram instalados nas residências. Das muitas polêmicas que marcaram esta transição, Moisés foi testemunha e, se no passado foi marco de uma grande conquista, hoje é um monumento decadente, em estado de deterioração, sem as tábuas da lei e seu característico cajado de pastor. Moisés entra para a história da cidade dos símbolos perdidos…

Boanerges de Souza: um Padre polêmico em Barroso

 Pe. Boanerges de Souza

Padre Boanerges de Souza foi ordenado sacerdote pelo bispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira, em 12/03/1927, e foi um sacerdote caracterizado por um temperamento forte. No princípio de sua vida ministerial, enfrentou dificuldades. O Padre José Maria Fernandes chegou a oficiar ao Monsenhor Alypio, dizendo que a permanência do neo sacerdote em São João del-Rei seria uma calamidade. Clamava a piedade do Monsenhor para a transferência do Padre Boanerges. Assim, ele foi nomeado Pároco da Paróquia de Sant’Ana, em 15 de agosto de 1933, e 6 meses depois o chefe político do arraial solicitava ao arcebispo sua transferência. Apesar de tudo, ele foi um Pároco muito dedicado, registrando no livro de tombo as suas principais realizações em Barroso, como por exemplo, a criação da Conferência de São Vicente de Paulo, em 19/11/1933, o aumento do Cemitério Paroquial, em novembro de 1936 e a construção da Capela do Santíssimo Sacramento, em março de 1939. Promoveu com grande entusiasmo as Bodas de Ouro da Paróquia de Sant’Ana no ano de 1934. Embora tenha permanecido na Paróquia por apenas 9 anos, revelou-se um pároco zeloso nas atividades religiosas, e principalmente com as finanças da Paróquia. Outra característica do jovem sacerdote foi sua capacidade de liderança, uma vez que intercedeu, junto à Israel Pinheiro, a construção da ponte sobre o rio Loures. Padre Boanerges de Souza percorreu os santuários marianos na Europa e em 25 de outubro de 1947 encontrou-se com o Papa Pio XII. Posteriormente, publicou o livro “Em torno dos mais célebres Santuários da Virgem” no qual retrata suas impressões de viagem. Faleceu, aos 66 anos de idade, em 26/05/1970, estando sepultado no Cemitério das Mercês, em São João del-Rei.

119 anos de música… e sem sede própria!

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Fotografia da Corporação Musical Barrosense por volta de 1918. Na 1ª fila: José Miguel, José Pio de Souza, Osório Meireles, Arthur Napoleão de Souza (maestro), José Leite e Júlio Pinto. Na 2ª fila: Virgílio Fraga, Horácio Meireles, Messias Ernesto de Souza, Leopoldo Isidoro e Joaquim Gabriel de Souza. Na 3ª fila: Francisco Campos, Artidônio Napoleão de Souza, Antônio Vasconcelos e Juquinha Meireles. Na janela: Ladislau Magalhães, Paulo Magalhães, Tote e Isabel Bedeschi. Fundada em 1895 por Joaquim de Souza Meireles, a Corporação teve como primeiro maestro o músico Antônio Francisco Mourão. Há mais de um século marcando presença na vida social e cultural da cidade, a furiosa já foi renomeada para Banda de Sant’Ana e Sociedade Musical Barrosense. Pelo menos há 43 anos possui a denominação de Banda de Música Municipal, embora não tenha sede própria visto que o imóvel construído para esta finalidade na rua Joaquim Ferreira  foi usurpado pela municipalidade. Aos músicos  restou uma sala na Rodoviária da cidade onde se encontram desde 1976. Em 1º de setembro de 1980, ocorreu o primeiro Festival de Bandas de Música, em Barroso. Na ocasião estiveram presentes bandas de música das cidades de Ribeirão Vermelho, Santos Dumont, Conselheiro Lafaiete e Rio Branco. Coube à administração do Prefeito Arnô Baldonero Napoleão(2005-2008), o resgate do Encontro de Bandas na cidade, quando houve a participação de 15 bandas de música abrilhantando o evento, além da gravação de um CD da Banda de Música Municipal contendo músicas de seu variado repertório. O conjunto das partituras foi tombado como Patrimônio Histórico Municipal e restaurado pela Fundação de Arte de Ouro Preto.

Montanhês: Dias de glória do futebol barrosense

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Na foto, o time do Clube Atlético Montanhês por volta de 1966. Em pé: da esquerda para a direita: Tote, Walter , Carlos Rabelo, Erivaldo, Moacir Delgado e Grilo. Agachados: Lelei, Nerci, Leônidas,Cazuza, Nerci Jararaca e Severino.

O Clube Atlético Montanhês surgiu em 02 de março de 1958, remanescente do Barroso Futebol Clube, que no princípio dos anos 50 era rival do time do Vasquinho. Até então, o time profissional utilizava o campo da cidade de São João del-Rei,  quando em 1961 houve a doação do terreno em que foi construído o estádio Montanhês, palco de diversas partidas que fizeram o clube invicto. O Montanhês participou de diversos campeonatos na região e disputou com adversários memoráveis, como o Tupi de Juiz de Fora, o Sete de Setembro de Dores de Campos e o Atlético Mineiro Juvenil, tornando-se o primeiro clube barrosense a jogar no estádio do Mineirão, em 20 de abril de 1974. Neste período, destacava–se o desportista Luiz Raposa, cujos dribles chamaram atenção do técnico Bijú. Outro craque do alvinegro barrosense foi o Zezé do Ponto, que por mais de 15 anos disputou pelo clube. Depois de 32 anos de história, o Montanhês pendurou as chuteiras. O estádio encerrou atividades e foi tomado pelo mato. Por mais de 16 anos tornou-se ponto de prostituição e drogas, restaram apenas os troféus, evidências da trajetória do clube barrosense. Em tempos de Copa do Mundo, em que o brasileiro vibra com a possível conquista do hexa, permanece a torcida dos barrosenses para que no futuro um Museu possa abrigar os troféus e a história do alvinegro barrosense. Quem será que vai marcar este gol de placa?

ALGUÉM SE LEMBRA DO JORNAL BARROSO?

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O jornal Oficial da Prefeitura Municipal de Barroso foi criado, em março de 1971. Sua primeira redatora foi Maristela Ferreira Napoleão, que também contava com a colaboração de Lucindo Rodrigues de Paula Filho. O jornal tinha por objetivo divulgar as principais notícias da administração municipal. Aos poucos, sua linha jornalística se ampliou com um número frequente de edições. Havia coluna social, cantinho da História e uma pauta diversificada que contemplava tanto notícias locais quanto regionais. Nessa época, sob redação de José Geraldo de Souza, o jornal também ampliava seus limites e mantinha uma série de correspondentes em todo o território nacional. O Jornal Barroso se firmou como meio de comunicação da cidade. Foram mais de 195 edições impressas por diferentes administrações. Foi o jornal que por mais tempo circulou na praça e, se estivesse vivo, completaria 43 anos de existência. Dentre os redatores do jornal, um nome se destaca: Arthur Eugênio de Souza, Juiz de Direito da Comarca de Prados. O acervo, que atualmente serve como fonte de pesquisa, pode ser encontrado na Biblioteca Municipal, no período de 1971-1991. Quanto aos períodos sequentes, não se tem registros  por descuido dos gestores públicos que não remeteram encadernações das edições esporádicas. Aos poucos, o informativo oficial do município perdia seu espaço para se tornar apenas uma curiosidade histórica.

 

UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA, CARIDADE E AMOR…

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Em 17 de fevereiro de 1948, no então distrito de Ressaquinha, nascia uma mulher virtuosa: Vanda Barbosa da Silva destinada a defender as minorias nativas que ainda habitavam a região do Mato Grosso. Tendo vindo para Barroso na década de 1950 com sua família, aos 17 anos, teve sua primeira experiência como educadora no povoado da Boa Vista e naquela comunidade rural permaneceu por 8 anos. No entanto, foi em 1974 que a destemida mulher deslocou-se para a inóspita região do Mato Grosso. No alvorecer de sua juventude, passou a residir na aldeia de Kayabi convivendo ainda com as seguintes tribos indígenas: Pareci, Müky, Enauene, Naue e Rikbatsa. Seu trabalho na área de saúde consistia em relacionar as doenças e catalogar os principais remédios por eles utilizados implementando adequada vacinação. Decisiva foi sua atuação para criação de uma escola possibilitando às crianças nativas o conhecimento de outras culturas. Juntamente com universitários da USP e UNICAMP realizou o mapeamento dos limites das terras indígenas, evitando possíveis invasões no território dos Kayabi. Na luta pela integridade física e cultural dos índios, Vanda Barbosa se destacou e chegou a ocupar o cargo de coordenadora da OPAN – Organização de Defesa dos Índios da Amazônia no ano de 1979. A partir de então, passou a proferir palestras em diversas cidades difundindo suas experiências. Retornou a Barroso, em 1995, e somente em 2011 o legislativo municipal outorgou-lhe o título de honra ao mérito, tardia homenagem em reconhecimento aos  relevantes serviços prestados à causa indígena. Por trás de um sorriso tímido, Vanda esconde uma linda história de esperança, caridade e amor.

 

GENÉSIO GRAÇANO EM SUA FAZENDA DA BOA VISTA

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Genésio Graçano nasceu em 25 de abril de 1912. Sua história de vida é inspiradora. Começou ainda criança a trabalhar para sustentar sua família. Aos 28 anos de idade, fundou a “Padaria Pão Nosso”. Com as economias, adquiriu terrenos na Boa Vista e construiu sua fazenda. Ali criava gados e tocava seu violão. Dos 10 filhos obtidos de seu casamento com Dona Luíza, sete faleceram ainda crianças. No entanto, sua religiosidade o manteve firme e encorajado, dedicando-se à sociedade São Vicente de Paulo na assistência aos mais necessitados. Homem simples e popular foi eleito vereador e depois se tornou o 4º prefeito do município de Barroso. Governou por dois mandatos e reformou praças e pavimentou ruas. Paradoxalmente o bairro que leva seu nome não é urbanizado e não possui praça pública ainda, desrespeito com a memória de exímio administrador. Num gesto de reco-nhecimento, Executivo e Legislativo deveriam viabilizar e denominar a praça pública daquele bairro com o nome da benfeitora Luíza Moreira Graçano, em virtude da doação de lotes para a municipalidade em troca de serviços de urbanização que não foram feitos. Genésio Graçano faleceu em 1º de julho de 1993. Um homem simples, um prefeito atuante, um cristão exemplar…

 

PRESBITERIANOS: UMA TRAJETÓRIA DE FÉ E PERSEGUIÇÃO

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Fotografia do primeiro templo protestante de Barroso, inaugurado em 07 de dezembro de 1930. Anteriormente os cultos aconteciam na casa de Carlos Aleva. Época de muita perseguição aos iniciantes até mesmo ao missionário John Marion Sydenstricker (1894-1972) que, ao desembarcar na estação ferroviária, recebeu ameaças de ser lançado da ponte no Rio das Mortes por um grupo de homens de Barroso, caso adentrasse no povoado com pregações protestantes. Sua salvação foi a rápida intervenção do subdelegado Francisco de Paula Souza que impediu o atentado. Em meio a lutas e dificuldades, em 04 de abril, de 1948, era organizada a Igreja Cristã Presbiteriana com 32 membros comungantes e 41 não comungantes. Os oficiais da igreja eram constituídos pelo pastor Francisco Alves, presbíteros Manoel Ladeira, Osório Pereira, Antenor Cunha e os diáconos Jayme Ladeira, Carlos Pereira e Joaquim Ladeira. O antigo templo, edificado na rua Joaquim Meireles, foi demolido, na década de 1960, para dar lugar à Casa Pastoral da Igreja.

 

CAIEIRAS: UMA LEMBRANÇA!

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A foto em evidência retrata a inauguração da Caieira Littorio, em 28 de outubro de 1936, pertencente a Humberto Carbonaro, com a presença da corporação musical barrosense sob regência de Arthur Napoleão de Souza. Nesta fotografia, aparecem estampadas as bandeiras da Itália e do Brasil. A fabricação da cal em Barroso remonta a 1831. No entanto, os italianos foram os pioneiros na transformação desta atividade em formato industrial, primeiramente através de Pedro Daldegan, sucedido por Humberto Carbonaro, Silvano Albertoni e Antônio de Cusatis. Entre os empreendedores deste ramo podem ser citados: Francisco Ferreira Filho, Francisco Campos, Waldemiro Meireles, Fidelis Guimarães, Sebastião Aleva, Artidônio Napoleão, Brasilino e Filhos, Benedito Napoleão, Milton Basílio, Antônio Graçano, Targino Assunção e Vitório Sutana, dentre outros. Barroso já possuiu cerca de 18 caieiras. Em 1979, existiam apenas 5 caieiras. Hoje os antigos fornos só podem ser contemplados em fotografias ou em monumentos. A Praça do Forninho, por exemplo, esconde o monumento que representou a importância desta atividade para o município. Seja por meio de fotos antigas ou em monumentos edificados na penumbra dos jardins barrosenses, a História se faz presente…

O BISPO EM BARROSO
  
Fotografia registrando a visita do arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. Na ocasião, o arcebispo procedia a benção da pedra fundamental do Instituto Nossa Senhora do Carmo. A visita pastoral ocorreu durante os dias 15 e 18 de outubro de 1954. O prelado ficou hospedado na casa de Joaquim Rodrigues de Melo. O primeiro bispo a visitar Barroso foi Dom Frei José da Santíssima Trindade, em 1824, que na época queixava-se da desunião dos moradores locais e do estado em ruínas da capela de Sant’Ana. Reclamava também da falsidade dos sacerdotes que davam assistência aos moradores. Um século depois (em 1927), o bispo Dom Antônio Augusto de Assis visitaria a localidade e registraria o tratamento fidalgo recebido por sua comitiva. Suas impressões são bem diferentes de seu antecessor, tanto que recomendou a criação do Apostolado da Oração e a construção de um novo templo para a Igreja Matriz. Se no passado os moradores eram desunidos, desta vez se esmeravam em causar boa impressão ao bispo, oferecendo donativos para o Seminário de Mariana e rezando em intenção da Igreja do México.  A paróquia de Sant’Ana do Barroso pertenceu à Arquidiocese de Mariana por 76 anos. Com a criação da diocese de São João del-Rei, as visitas episcopais se tornaram mais constantes.
 
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Acervo: Beatriz Giarola
VOTO FEMININO: 82 anos de uma conquista…
 
O documento exibido ao lado trata-se de uma cópia do título de eleitor de Georgina Corsina Pinto (dona Cici), expedido em 29 de setembro de 1936, e revela a participação das mulheres no pleito eleitoral, uma vez que este direito fora alcançado por elas por força do Código Eleitoral que vigorou a partir de 24 de fevereiro de 1932. Na ocasião, apenas as mulheres casadas e com consentimento de seus esposos, as viúvas e solteiras com renda poderiam exercer sua cidadania. Dona Cici, eleitora desde os 20 anos de idade, possivelmente era professora filiada à UDN, durante as primeiras eleições municipais de Barroso, e foi a primeira mulher a ocupar o diretório daquele partido. No entanto, nunca ocupou cargos eletivos e fez muito por Barroso sem ser chamada de “excelência”. Jamais deixou-se seduzir pelas vaidades do poder e foi uma mulher sempre presente na vida social e educacional de Barroso. Seu título de eleitor foi encontrado por um funcionário público em sua antiga residência. Seu exemplo de cidadania e comprometimento permanecem como lição para as mulheres barrosenses. Homenagem do Fundo do Baú ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março.
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Expansão Barroso…
O mapa ao lado retrata o distrito de Barroso quando pertencia ao município de Tiradentes. Por volta de 1924, a área territorial de Barroso era de 151,33 Km². Entretanto, a Revisão Administrativa do Estado, em 1938, além de transferir o distrito para Dores de Campos, subtraiu metade da área geográfica de Barroso, presenteando municípios vi-zinhos com territórios de ricas jazidas de cal. Com mais de meio século de autonomia administrativa, Barroso embalou na idéia de progresso e parece ter esquecido aspectos de sua História e a dimensão de seu território, ocupado desde princípios do século XVIII. Dos 853 municípios mineiros, pelo menos 30 possuem área geográfica inferior a 82 Km². Dos 97 municípios criados em 1953, Barroso é o terceiro menor e se comparado com municípios da região das Vertentes perde apenas para Santa Cruz de Minas. No entanto, sua população é consideravelmente superior a de muitas das pequeninas cidades mineiras e até mesmo das cidades a que pertenceu como Prados, Dores de Campos e Tiradentes. A cidade prefere manter seu status de progressista quando os políticos se empenham com a implantação de um distrito industrial. Expansão dos limites geográficos então se torna uma pauta inviável, pelo menos para lideranças desencorajadas e com pouco conhecimento da História local. Brevemente serão inauguradas as obras de ampliação da indústria cimenteira, alavancando a economia e se firmando no mercado na produção de cimento, enquanto isso, Barroso continuará a mesma cidade pequena de 70 anos atrás com sua população acuada e aglomerada em pequeno território, devido aos altos índices de insegurança, desemprego e densidade demográfica.
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Uma estação, um trenzinho e o vento…..
 
A  Estação Ferroviária de Barroso foi inaugurada em 30 de setembro de 1880, no entanto, a Maria Fumaça já circulava por essas bandas pois o primeiro trecho foi construído, em 1879, de Barroso a Sítio (Antônio Carlos). A chegada do trem significou a vinda do progresso para Barroso, intensificando a economia e aumentando o quadro populacional. Por um século a ferrovia serviu como meio de transporte, além do escoamento da produção calcária, cimento e outros gêneros. Alguns viajantes ilustres que passaram pela estação de Barroso: o imperador Dom Pedro II, em 26 de abril de 1881, o engenheiro americano Willian Milnor Roberts, o senador Basílio de Magalhães em visita à sua terra natal, o presidente Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e o arcebispo de Mariana Dom Helvécio Gomes de Oliveira em diversas visitas episcopais. Entretanto, em meados da década de 1960, houve a desativação de diversas estradas de ferro e, no princípio do ano de 1983, os trilhos foram retirados ficando na memória do barrosense os passeios na estação aos domingos quando passava o trem das 17:00h. Algumas promessas foram registradas como a ligação da antiga ferrovia com a ferrovia do aço. Cogitou-se também a transformação do trajeto em patrimônio histórico, mas nada se fez. Em Barroso nenhuma medida de retaliação contra a desativação do centenário trecho foi registrada, nem mesmo foi pauta de discussão na Câmara Municipal. O trenzinho se foi e a reprodução desta fotografia, que existia no salão de eventos da Câmara Municipal, também se foi. Apresentada de forma inédita à população em 2011, a reprodução em alta resolução foi custeada pelo legislativo municipal e por razões inexplicáveis desapareceu daquele espaço público. Ventos fortes andam soprando na cidade e ameaçando até mesmo os retratos das paredes!
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 Acervo: Sílvio Antônio de Melo 
Historiador Wellington Tibério
 

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