Em um levantamento feito pela reportagem junto à Assembléia Legislativa de Minas Gerais e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), é possível ter um diagnóstico das eleições presidenciais em Barroso. Os números das últimas seis eleições, desde 1990, dão uma ideia das prioridades de votos no município quando o assunto é votar em deputados estaduais e federais. O levantamento só leva em conta o ano base 90, quando tivemos a primeira eleição pós redemocratização do Brasil.
Os dados trazem números interessantes como o duelo de 1994, quando Baldonedo Arthur Napoleão e José Bernardo Meneghin se enfrentaram na disputa para deputado estadual. Na oportunidade, Meneghin venceu Baldonedo em Barroso. Foram 4 mil e 181 votos contra 3 mil 218. Uma diferença de 963 votos. “Lembro daquela eleição. Foi tão disputada quanto para Prefeito. A cidade viveu um clima tenso”, declara o empresário Eli Reis, que na ocasião era membro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). O grande problema é que a cidade se dividiu e as chances de eleger um deputado foram reduzidas. Apesar de ter vencido na cidade, Meneghin teve apenas 7 mil e 901 votos em todo o estado contra 20 mil e 503 de Baldonedo, que inclusive teve mais votos em São João del Rei do que em Barroso. Foram 3 mil e 940 na terra de Tancredo Neves. Por citar os “Neves”, na mesma eleição de 94, Aécio Neves teve em Barroso mil e 627 votos para deputado federal.
Já em 1998, com a desistência de Meneghin ao pleito, Baldonedo teve a maior votação da história para um deputado estadual em uma única eleição, foram 6 mil e 125 votos. O oponente direto era o então desconhecido Nivaldo Andrade, que veio a ser prefeito de SJDR e teve apenas mil e 98 votos. Baldonedo teve 23 mil e 4 votos em todo os estado de Minas e Barroso foi a cidade onde ele teve mais votos, o eleitorado era de 14 mil e 213 votos e ele teve cerca de 50% dos votos barrosenses. Foi também a primeira eleição em que Luiz Fernando teve votos em Barroso, foram 495. Já para Federal Aécio Neves voltou a ser majoritário em Barroso, 3 mil e 219 votos. Ele foi reeleito deputado.
Como o brasileiro tem o costume de lembrar das eleições presidenciais comparando com as Copas do Mundo, em 2002, quando o Brasil conquistava o Penta, Luiz Fernando entrava para a história local como o mais votado no pleito para deputado estadual, 2 mil 778 votos no município, levando em conta que não era da cidade. Como federal, Herculano Anguinett tinha 2 mil 647 votos em Barroso. Na oportunidade, Eduardo Barbosa, ligado a APAE, descolava mil e 364 votos como deputado federal.
Quatro anos depois, 2006, Luiz Fernando já tinha Barroso como a segunda cidade do estado de Minas onde teve mais votos, 3 mil e 198 para deputado federal. Na disputa estadual, Juarez Tavora e Rômulo Viegas também conseguiam votação expressiva na cidade.
Por fim, na última eleição, 2010, destaque para a disputa estadual, Rodrigo Mattos, majoritário, Juarez Tavora e Rômulo Viegas travavam uma disputa acirrada no município. Para federal, Luiz Fernando 3 mil e 307 votos também era destaque no pleito.
OS ATUAIS CANDIDATOS
Dos candidatos que disputam as eleições de 2014, números comprovam uma votação fiel dos barrosenses. Ao longo da história, levando em conta a partir de 1990, o único que foi votado em todos os pleitos, seja para estadual ou federal, foi Bonifácio Andrada, que teve 4 mil e 861 na soma total. Apesar de estar presente em todas as eleições, Bonifácio aparece na quarta posição do ranking dos 10 mais votados da história. A primeira colocação, como mostra o quadro ao lado, é de Baldonedo. Em segundo temos Luiz Fernando, o mais votado da história da cidade em atividade, são 9 mil e 510 votos desde 1994, seja para estadual, quando teve apenas dois votos, ou federal, na última eleição com 3 mil e 37.
ANTÔNIO CLARET
De acordo com Antônio Claret, formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Dde Minas Gerais, (UFMG), é importante perceber que o número de votos necessários à eleição de um deputado é maior que a população bar-rosense. “Para se ter uma ideia, em 2010 a média da votação dos deputados estaduais eleitos foi de 60 mil votos e, mesmo o eleito menos votado, obteve mais de 30 mil votos”, diz Antônio que acrescenta também que tradicionalmente a posição das elites políticas locais tem sido apoiar em bloco os candidatos a deputados. “Esse comportamento é influenciado, em parte, pela percepção de que o resultado de uma eleição pode influenciar a outra (municipal), o que nem sempre é verdade, dadas as lógicas completamente distintas dos dois pleitos. A consequência é que a eleição proporcional acaba ganhando contornos majoritários”, explica. Com relação à estratégia, o jovem declara que é problemática, pois significa colocar todos os ovos na mesma cesta. “O resultado para Barroso pode ser muito ruim, pois se o deputado que obteve votação expressiva na cidade não for eleito, como algumas vezes já aconteceu, a população fica sub-representada na Assembléia ou no Congresso. O mais adequado, provavelmente, seria distribuir o apoio político de um grupo em dois ou três candidatos, dando mais opções para o eleitor e “liberando” a base na Câmara e os demais políticos para construírem novas pontes e possibilidades de ganhos para Barroso”, diz.
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