Lamentavelmente, o caso Rafaela não está sozinho nas estatísticas de autoextermínio na instituição de segurança pública mineira: dados do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol/MG) apontam que cinco investigadores, um delegado e um médico legista também tiraram a própria vida, apenas em 2023.
Para além dos suicídios, o sinal vermelho sobre a saúde mental desses policiais ganhou contornos dramáticos em outra ocorrência recente de repercussão: no dia 22 de novembro, uma delegada de Belo Horizonte, 39, ficou mais de 30 horas confinada em seu apartamento, no Bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, e teria efetuado quatro disparos contra policiais civis que cercaram seu imóvel, supostamente por temerem que ela cometesse autoextermínio. Enquanto era acuada dentro de casa, ela fez uma live pelo Instagram, acusando colegas de assédio: “Eles tiraram minha saúde, vocês não têm ideia do que fizeram. Foi torpe, foi vil.”
Segundo o Sindpol, a delegada vinha fazendo tratamento psicológico e esteve afastada.
Wemerson critica o que classifica como falta de transparência do atual Governo estadual: “A última divulgação de servidores afastados foi de junho 2022, quando 46 estavam licenciados por motivo de doença, sem especificar o tipo.” Sobre os suicídios, ele desconhece tentativas. “Sempre se consumam, porque o policial sabe exatamente onde efetuar o disparo para acabar com sua própria vida. Só este ano tivemos oito suicídios em Minas. Isso é muito preocupante.”
PC garante acompanhar dados de saúde mental
A Polícia Civil de Minas Gerais garante acompanhar os dados sobre saúde mental, eventuais casos de suicídio e outros crimes violentos por meio da Diretoria de Saúde Ocupacional. Dados estatísticos sobre o tema, no entanto, não são divulgados “com o intuito de preservar a família das vítimas, garantir o direito à privacidade, evitar alarmismos e análises descontextualizadas sobre casos individuais que possuem motivações multifatoriais”.