Apenas de janeiro a março deste ano, 1.537 crianças e adolescentes foram vítimas de crimes sexuais em Minas Gerais. Desse total, 595 têm menos de 11 anos de idade. No ano passado, o número chegou a 6.399. Apesar de os registros serem tristes e alarmantes, eles nem de longe mostram a terrível realidade em que muitos pequenos vivem, segundo especialistas. Abusados por pessoas que, muitas vezes, eles amam (como pais e avós), sem saber, em várias ocasiões, que estão sendo machucados no corpo e na alma e incapazes de pedir socorro, eles podem ser um número bem maior do que aparece nas estatísticas. Essas pequenas vítimas podem estar, inclusive, ao seu lado.
É pensando justamente em alertar todos que podem ajudar crianças e adolescentes a serem salvos dessa triste realidade que 18 de maio marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data lembra o caso da menina Araceli Crespo de apenas 8 anos, que foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada na cidade de Vitória (ES) nesse mesmo dia, no ano de 1973. Assim, em diversas cidades do país serão realizadas iniciativas da 23ª edição da Campanha “Faça Bonito. Proteja nossas crianças e adolescentes”. No Grupo SADA, apoiador da campanha, a quinta-feira vai marcar uma série de atividades, como conscientização dos colaboradores, distribuição de flyers e ações de sensibilização para o tema. A ação vai envolver, inclusive, os motoristas da empresa, para que eles ajam como verdadeiros protetores dos pequenos nas estradas – locais em que essas vítimas podem também ser encontradas, mas nem sempre são vistas na escuridão da noite e do próprio mal que as atinge.
Titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente de Belo Horizonte, a delegada Larissa Mayerhofer afirma que as ações de conscientização são de suma importância para estimular as denúncias. Além disso, conforme ela frisa, a situação é menos óbvia e aparente do que se imagina. Não existe um “perfil específico” de abusador e nem de vítimas, o que torna a necessidade de atenção ainda mais evidente.
“A gente percebe pelas investigações que não existe um perfil específico de abusador. Isso permeia a sociedade de forma geral. Não influencia se as pessoas têm mais ou menos condições financeiras, por exemplo. A questão é que as vítimas são vulneráveis, muitas vezes não têm condições, pela idade, de compreender que estão sendo vítimas de violência. Além disso, o agressor costuma se valer da condição de familiar, de quem está perto, para impor medo”, diz ela.
Veja dicas do Grupo SADA:
- Previna. Essa é a melhor forma de proteger crianças e adolescentes.
- Dialogue de forma franca e sincera sobre as partes íntimas do corpo e privacidade.
- Reforce para a criança ou adolescente que ele pode e deve dizer ‘não’ quando quiser.
- Oriente sobre quais as situações de risco e como se proteger.
- Explique que ‘segredos’ não são uma coisa boa.
- Fale para as crianças e adolescentes que eles devem escolher um adulto em quem eles possam confiar e se sentir seguros para falar sobre questões e situações desconfortáveis.
Como denunciar:
- Se suspeitar que uma criança está sendo vítima de violência, Disque 100*
- Se presenciar ou testemunhar uma situação de violência contra uma criança ligue 190 (Polícia Militar) ou 191 (Polícia Rodoviária Federal)
- Se identificar um caso de violência online infantil, denuncie no site www.denuncie.org.br