Doze dias depois do rompimento da Barragem 1 da Vale na Mina de Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Corpo de Bombeiros, que comanda os trabalhos de buscas por vítimas, admitiu oficialmente pela primeira vez que nem todos os desaparecidos devem ser encontrados em meio ao mar de lama, de onde já foram resgatados restos mortais de 134 pessoas.
Chama a atenção o fato de a declaração, que partiu do porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, ocorrer enquanto ainda há 199 vítimas desaparecidas.
Entre essas vítimas está o barbacenense Leandro Rodrigues, de 33 anos, desaparecido desde o último dia 25 de janeiro. A prima da vítima, Fabiana, que também é de Barbacena, falou com a reportagem sobre a situação de momento e do drama que a família continua vivendo.
“Mesma situação, não foi encontrado o corpo. A esposa dele e o pai já retornaram para Barbacena. Deixaram o material de DNA colhido, mas até agora nada”, diz Fabiana.
Do ponto de vista técnico, os bombeiros admitem que a quantidade de rejeitos e o estágio de decomposição dos corpos de agora em diante vai dificultar e pode inviabilizar a recuperação de restos mortais. Por mais que essa situação também seja considerada por parentes e amigos de pessoas que ainda constam como desaparecidas, a possibilidade de encerrar a operação sem o resgate de todos os corpos aumenta a angústia e aperta o coração de quem espera pelo menos ter o direito de sepultar seus familiares e amigos.
Chega a 134 o número de mortes confirmadas no rompimento da barragem, conforme a última atualização da Defesa Civil, divulgada no início da tarde dessa segunda-feira (4). Destas vítimas, 120 foram identificadas. Outras 199 pessoas seguem desaparecidas.