Vez ou outra, deparo-me com algumas frases fortes que me fazem refletir. Alessandro Feitosa disse, certa feita, que “os caminhos maléficos prevalecem, quando a mente está no estágio da estagnação ou do retrocesso”.
Nos últimos 30 anos, a sociedade teve mais inovações tecnológicas do que nos últimos 300 anos. Isso é fato. Telefonia celular, internet, robôs, carros inovadores e tantas outras invenções que mudaram nossa vida, proporcionando mais agilidade e facilidade no dia-a-dia.
Algumas vezes, contudo, discutimos sobre os benefícios das novas tecnologias. Para alguns, elas prejudicam o pleno desenvolvimento humano, ao ponto de máquinas tomarem o lugar de seres humanos. Referida discussão não é nova, e foi brilhantemente apresentada no fantástico filme “Tempos Modernos”, de Charlin Chaplin, isso ainda nos anos 30 do século passado. Mas, inegavelmente, não há espaço para “retrocesso” no que tange ao uso da tecnologia. Quase ninguém iria preferir um mundo sem internet. Ou que os antigos telefones fixos discados substituíssem os modernos smartphones.
E a Pandemia ainda nos trouxe a necessidade inconteste do uso da internet, cada vez mais, na execução de trabalhos, estudos, compras e tantas outras coisas do nosso cotidiano. Apesar disso, para alguns dos nossos cidadãos brasileiros (digo alguns, pois é a esmagadora minoria…), é questionável o uso de tecnologia nas eleições, desejando, por mais absurdo que pareça, a volta do voto de papel, com apurações arrastadas e fraudes incontáveis. Vai entender… A mesma tecnologia que usa robôs para espalhar fakenews e fazer campanhas políticas, é criticada quando é utilizada na votação. É, no mínimo, um contrassenso. A discussão sobre se evitar fraudes em uma eleição é salutar. Apresentar problemas e buscar soluções é digno de louvor. Mas utilizar-se de mentiras e bravatas para buscar um voto em papel ou auditável é estranho. Ainda mais quando nosso sistema eleitoral já é auditável e sempre o foi desde o início do uso das urnas eletrônicas.
Para aqueles que foram mesários ao menos uma vez na vida, devem ter se deparado com a urna eletrônica. E logo quando se liga a urna na tomada, a primeira operação que se faz é a retirada de um boletim chamado Zerésima, que nada mais é do que um relatório de que a urna encontra-se vazia, sem nenhum voto. E somente após isso é permitido o início da eleição. E mais, não há como se falar em “hackear” a urna, já que ela não é conectada à internet! Ora, se não está na rede mundial de computadores, como poderia ser invadida por hackers? No fim da votação, cada urna emite um relatório de votos, com todos os votos da sessão. Ou seja, em cada sessão eleitoral, temos o relatório final dos votos daquela urna. Tal relatório é enviado paras a Justiça eleitoral de dois modos: um pen-drive e (olhe só!) em papel! Isso mesmo, cada urna possui um relatório final em papel e em pen-drive para ser levado à justiça eleitoral, e somente após a chegada de tais informações é que são repassadas ao TSE.
Ora, as eleições brasileiras já são auditáveis! Querer conferir resultado da eleição de maneira manual é possível com o somatório dos relatórios de cada urna eletrônica! Inclusive nos boletins de papel! Querer modificar o modo de eleição para melhor é admissível. Mas aceitar um retrocesso, só mesmo para defesa de interesses escusos. Quando grupos de nossa sociedade, capitaneados por um Presidente que mente em rede nacional, apresenta provas falsas e, pior, afirma que se a eleição não for do jeito que ele quer (voto em papel e auditável) não haverá eleição, somente nos leva a crer que o interesse não é para que se tenha eleições limpas. O que se quer é macular as eleições, já prevendo uma possível derrota.
Tomara que as “manifestações populares”, que visam pressionar os Deputados e Senadores a aprovarem a chamada “emenda do voto impresso”, não ressoem. Que nossos representantes tenham em mente o interesse maior de toda Democracia, que é o respeito da vontade popular. Que as próximas eleições sejam realizadas dentro da legalidade e sem as “ameaças” que têm sido disparadas por alguns apoiadores de nosso Presidente. E que no final do mês de outubro de 2022, tenhamos nossos representantes eleitos de maneira justa, digna e, principalmente, inteligente pelo povo brasileiro, extirpando pessoas nefastas da política nacional e estadual. Não permitamos que a estagnação e o retrocesso tenham voz em nosso país. E que Deus ajude nosso Brasil…
Por Gian Brandão.