Comemorar a morte de alguém não parece ser uma atitude de um ser humano civilizado. Seja o morto homem, mulher, bandido, inocente ou policial, a vida humana não deve ser tirada por um semelhante. Isso beira à barbárie. Quando nos vem à tona a morte de mais de 120 seres humanos em uma operação policial contra uma organização criminosa, soa-nos como um absurdo. Ainda mais que dentre os mortos, existiam policiais. Em nosso país, não existe pena de morte em tempos de paz. Mas criminosos continuam matando pessoas. Pior, o Estado também mata em suas ações. É uma contradição. Não se pode aplicar pena de morte, após um processo judicial, contra quem quer que seja. Mas vemos, todos os dias, o crime e a polícia matarem seres humanos. E nem se venha falar que policiais matam “bandidos” e que “bandido bom é bandido morto”. Tais afirmativas não se sustentam. Isso porque não se pode admitir a morte de quem quer que seja pelo Estado. A pena prevista para o cometimento de um crime grave é a prisão, e não a morte. Na verdade, parece que alguns banalizam o assassinato de alguns dos seus. E a expressão “bandido bom é bandido morto” é muito defendida por alguns, desde que o “bandido” não seja seu pai, filho, irmão, amigo… A expressão certa deveria ser “bandido bom é bandido preso”. Essa deveria ser a realidade em nosso país. Morto não. A vida é sagrada demais para ser tirada por um semelhante
E nem se venha falar que os defensores dos direitos humanos estão muito mais preocupados com bandidos do que com policiais. Na verdade, se houvesse a morte de um policial na operação, não teria sido ela um sucesso. Não podemos, de modo algum, aceitar a morte de mais de 120 pessoas, incluindo policiais, como algo normal. Certamente, a operação não foi um sucesso, como dizem alguns, nem uma total tragédia, como dizem outros. Algo saiu errado e precisa ser analisado para que não ocorra de novo. A operação no Rio de Janeiro deve ser um marco para a análise de como se evitar novas mortes. O fim do tráfico e das organizações criminosas não parece tão próximo. Mas algo precisa ser feito. E a morte de mais de uma centena de pessoas não nos parece ser o caminho certo a seguir.
por Gian Brandão

