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Gostaria de voltar a um tema já tratado nesta coluna, mas que, novamente, se faz necessário comentar. No mês de maio passado, tivemos duas das mais tradicionais festas religiosas de nossa cidade: a Festa de São José, no bairro de mesmo nome; e a Festa de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Jardim Bandeirantes. Estivemos presentes nas duas festas e algumas situações foram por nós notadas e precisam de discussão.
Não se tem dúvida de que, quanto à parte religiosa da Festa, a presença de fiéis é grande, com tríduo, novena, procissão e celebração de Santas Missas. Contudo, salvo equívoco de nossa parte, parece-nos que a participação até mesmo nas celebrações está diminuindo.

Quanto à parte social das festas, não há como negar, houve uma diminuição drástica na participação das pessoas. Até mesmo os disputados leilões deixaram de existir nas referidas festas.  Os show antes com grandes plateias, hoje já não existem mais. Lembro-me bem de uma Festa de Nossa Senhora de Fátima, no ano de 1996, quando o dia maior da festa, 13 de maio, foi em uma segunda-feira, dia útil. Neste dia, centenas e centenas de pessoas acompanharam até de madrugada a apresentação da “Banda do Padre Fábio”, saudoso sacerdote. E por que isso não acontece mais? É uma discussão complexa, mas que merece a reflexão de todos nós. A falta de participação popular pode ter alguns motivos. Mas, a nosso ver, o principal deles é a proibição de venda de bebida alcoólica nas barracas dos festejos. É uma decisão do bispo Diocesano, mas que não nos convence.

Ora, a parte social da festa religiosa é também importante. A participação popular, o encontro de amigos e famílias é salutar para o engrandecimento da comunidade. Ao se proibir a venda de bebida alcoólica, o que vemos é que muitos se afastam dos festejos, preferindo buscar em outros locais seu divertimento. Mas, pergunta-se: qual o mal em uma família se reunir e consumir bebidas alcoólicas durante a parte social da festa? Não foi o próprio Cristo que, nas bodas de Caná, não só bebeu com seus discípulos, mas, também, transformou água em vinho para que a festa não terminasse? E mais, foi o “vinho da nova e eterna aliança” é que foi declarado como o “sangue de Cristo” na última ceia…

Sendo assim, parece-nos que ao se proibir a venda de bebidas alcoólicas na festa, está a se prejudicar os próprios festejos, seja na parte litúrgica, seja na parte social. A parte social da festa é importante para a comunidade se interagir. Essa a questão: comunidade. Mas poder-se-ia argumentar: não é possível aproveitar a festa sem o uso de bebida alcoólica? Claro que é possível. Mas a questão é outra: qual o mal se trás à festa e à comunidade a venda de bebidas? A nossa ver, nenhum. E nem se venha falar que estamos aqui incentivando o uso de bebida alcoólica. O que queremos é que fique ao livre arbítrio de cada um o consumo ou não. E acaba sendo uma verdadeira hipocrisia, já que, ao menos da Festa de São José, havia uma senhora com uma caixa de isopor vendendo cerveja em frente à Igreja… Ou seja, quem quisesse consumir bebida alcoólica, o fazia. Como se não bastasse, quem foi ao Jubileu de São José em Barbacena, consumiu bebida alcoólica durante os festejos… Então, pergunta-se: qual a diferença?

Não queremos ser o dono da verdade. Queremos apenas trazer à discussão situação que, sinceramente, beira à hipocrisia, já que não se vende álcool nas barracas da festa, mas o fazem em locais vizinhos. Tomara que nossos párocos, queridos e diletos pastores, possam analisar melhor a questão e fazer o bem a toda à sua comunidade, que, como sociedade, também precisa e merece momentos de lazer.

por Gian Brandão

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