O Jornal Barroso em Dia, em sua última edição, nos brindou com uma retrospectiva do ano que passou. Em um belo trabalho de fotojornalismo, o periódico apresentou os fatos marcantes de um ano que classificou como “conturbado”. O ano de 2013 deveria ter sido um ano de esperança e de celebração, pois o município completou 60 anos e foi inaugurado o processo de ampliação de nossa maior indústria. Entre boas e más notícias, entretanto, o que mais chamou a atenção foram as marcas da violência e os percalços da expansão.
As greves e o incêndio criminoso no alojamento dos funcionários da Mendes Júnior causaram um grande desconforto na população. Os incidentes sinalizaram o despreparo da cidade para vivenciar esta transformação sócio-econômica e a solução oferecida – retirar os trabalhadores da cidade – gerou impactos negativos para o comércio local. A impressão que ficou foi de uma cidade que reage às adversidades, ao invés de se antecipar aos obstáculos e planejar caminhos mais criativos e inovadores para a recepção de imigrantes e o desenvolvimento sustentável. Fica o desafio aos conselheiros da expansão, avaliar todos os riscos e oportunidades para que o ano de 2014 seja diferente do ano que passou.
O ano de 2013 foi também o mais violentos em gerações. Entre janeiro e dezembro foram 5 assassinatos na cidade, por motivos variados e sempre envolvendo extrema violência, covardia e brutalidade. Se incluirmos dezembro de 2012, observaremos uma média aproximada de 1 assassinato a cada 2 meses. Se considerarmos só o ano de 2013 e o tamanho da população de Barroso, perceberemos uma taxa de homicídio altíssima e alarmante. Foi um ano também marcado por brigas, tumultos, violência gratuita, apreensão de drogas, acidentes nas estradas e uma morte por atropelamento no centro da cidade. A sensação que fica do ano de passou é de indignação, revolta e insegurança.
A violência é um dos sinais mais evidentes da disfunção social, emerge quando as coisas não vão bem. A tragédia da violência não deixa ninguém de fora e a fala do Tenente Durso à última edição do Jornal Primeira Página mostra isso. Sobre os recentes episódios, o Tenente deixa transparecer o drama vivido pela corporação e também pelos familiares e policiais envolvidos no caso Valdecir. A cidade precisa refletir sobre tudo o que aconteceu em 2013, não é possível seguir em frente sem considerar as tragédias e os infortúnios, é preciso aprender as lições que tais episódios nos deixam. A tranquilidade e a paz são epifenômenos de uma boa educação, assistência social, saúde, de oportunidades de trabalho e renda, cultura…
Felizmente a mudança do calendário é capaz de renovar nossas esperanças. Segundo nosso maior poeta, Carlos Drummond, “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão”1. Não é fácil enfrentar os desafios de novos tempos, exige-se mais liderança e criatividade, mas é preciso enfrentar mesmo os piores desafios. “Para que ganhemos um Ano Novo que mereça este nome, nós, meu caro, temos de merecê-lo, temos de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tentemos, experimentemos, conscientes”2.
Feliz 2014!
1 Desejos de Ano Novo – Carlos Drummond de Andrade
2 Adaptação livre do poema Receita de Ano Novo – Carlos Drummond de Andrade
Por Antônio Claret
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