Faleceu na manhã do domingo (07), no Hospital Macedo Couto, em Barroso, a menina Eloáh Melissa Rodrigues da Silva, de um ano de idade, da cidade de Dores de Campos. Eloáh deu entrada no Hospital, na noite do sábado (06), com insuficiência respiratória aguda grave. Ela foi encaminhada pelo médico de plantão, doutor João Pinto, para a emergência e as providências de rotina, raio-x do tórax e medicação sintomática, foram tomadas pelo doutor Carlaile Homem Boa Vida, médico pediatra de sobreaviso. Com a gravidade do caso, Eloáh foi internada e cadastrada no Susfácil para solicitação de vaga em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) que, segundo nota do hospital postada no site do Instituto, foi reforçada por telefone nas duas UTIs próximas, em Barbacena e São João del Rei. Porém, o quadro clínico evolui rápido e com as complicações, depois de uma madrugada de luta pela vida, a menina faleceu, na manhã do domingo, com síndrome respiratória aguda grave, consequência de uma influenza, suspeita de H1N1, gripe suína.
Ainda segundo a nota à imprensa, disponível no site, os procedimentos para investigação foram realizados e encaminhados à Vigilância Sanitária de SJDR. Mas, em contato telefônico com a entidade filantrópica barrosense, foi relatado à reportagem, através da diretora geral da instituição, Silvana Moura, que o procedimento com o kit coleta (swab, uma espécie de cotonete para recolher células e outros compartimentos) não foi realizado porque não havia kit disponível no município. Silvana ainda acrescentou que uma funcionária fez a investigação de documentos e exames, protocolou a entrega da mesma em SJDR e que, como manda o procedimento, foi montado também, em Barroso, um Comitê de Análise de Óbito Fetal, Neonatal, Materno e Infantil, mas que até o momento não se tinha nenhuma resposta com relação ao caso. Diante da afirmação da diretora, o jornal entrou em contato com profissionais da Vigilância Sanitária da cidade vizinha que garantiram que não existe nada protocolado sobre o caso Eloáh. Sendo assim, a reportagem também fez contato com o coordenador Fernando José da Silva, da Vigilância Epidemiológica de SJDR, que confirmou não ter recebido material de coleta kit swab e não haver nenhum documento ou cadastro no que diz respeito a material coletado em Barroso.
Ele ainda explicou que agora fica quase impossível saber que tipo de influenza ocasionou o óbito da criança. Duas formas de envio da investigação poderiam ter sido feitas: diretamente pelo hospital ou pela Secretaria de Saúde de Barroso. Porém, a Secretária Municipal de Saúde, Edinéia Ávila, afirma que a secretaria não fez o envio do material e/ou transporte para SJDR ou Belo Horizonte e que até o momento não havia recebido nenhum material do hospital ou notificação.
O caso da menina dorense já havia tomado grandes proporções depois que familiares acusaram a médica Myrian Priscila de Rezende Castro de negligência médica, na Rádio Atrativa FM. “Eloáh chegou aqui na Policlínica já era bem tarde e estava enjoadinha, mas praticamente quase toda criança que tem infecção de garganta tem este comportamento. Ela já estava sendo tratada com amoxilina a mais de uma semana e não melhorava. A conduta certa seria mudar o antibiótico. A escuta pulmonar estava normal e eu mudei o antibiótico e passei 100mg de ibuprofeno e 3ml de azitromicina. Eu fiz o que qualquer médico faria. Mudei o antibiótico porque o outro não estava funcionando. Eu examinei. Fiz o exame físico no momento em que a atendi e ela não estava mal do jeito que me informaram que chegou à Barroso”, declara a médica plantonista da Policlínica de Dores de Campos, Myrian, que atendeu, na noite de sábado (06), a menina Eloáh.
Myrian, que foi contratada junto à Fundação Hospital Universitária de Juiz de Fora, está há um mês em Dores, trabalha também em Barroso e Barbacena. “A tia declarou na rádio que eu teria dado dose exagerada de antiinflamatório para a Eloáh. Isso é mentira. Eu dou dose conforme o peso da criança. Eu passei o remédio de acordo com o peso e, mesmo se fosse dose em excesso, não teria acontecido isto. No máximo uma dor de estômago ou uma alteração na questão da urina. As pessoas gostam muito de falar de erro médico, mas os verdadeiros profissionais sabem que não foi isso. Ela não teria se salvado de forma alguma pela evolução do quadro. Às vezes as pessoas procuram um bode expiatório, não aceitam que a morte vem. As pessoas têm que colocar a culpa em alguém para se sentirem melhor. Foi uma fatalidade, uma coisa que teria acontecido independente do médico e do lugar. Não existe nada melhor do que a consciência tranquila, sabendo que eu fiz o me-lhor”, diz a médica que está formada há dois anos e oito meses e acredita que Eloáh tenha 90% de chance de ter contraído o vírus H1N1. “Provavelmente é H1N1 porque a evolução do quadro foi muito rápida. Me informaram que, cerca de quatro horas depois que eu a atendi, ela começou a ter falta de ar e foi entrando num quadro de choque”, declara.
Diante da situação e do desencontro de informações, a reportagem chegou a entrar em contato com a família que aguardava o resultado dos exames, mas ninguém quis falar sobre o caso. O certo é que, devido à ausência da coleta pelo kit swab, não há como profissionais afirmarem agora, com 100%, o tipo de influenza que levou Eloáh a óbito.
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