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O presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures, foi afastado do cargo na última quinta-feira (15) após suspeita de desvio milionário de recursos públicos e/ou particulares apontado pela Operação No Mercy, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A medida foi tomada a pedido do MP pelo juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Juiz de Fora, Daniel Réche da Mota. A instituição passa a ter como diretor-presidente o ex secretário-geral do hospital, padre José Leles da Silva.

De acordo com o Ministério Público, o presidente afastado da Santa Casa, Renato Vilella Loures, sua filha Moema Falci Loures, seu genro Fábio Gonçalves Cardoso e a arquiteta Nathália Pereira Reis Pinto estão sendo investigados por corrupção na contratação das empresas Imaginai – Arquitetura e Urbanismo Ltda. e IMMA Desenhos de Arquitetura Ltda. (atualmente IMMA Design de Interiores Ltda.) com recursos do hospital para prestação de serviços de arquitetura e design de interiores sem cotação junto a outros profissionais.

O procedimento aponta que as empresas eram recém-fundadas e não constavam sócios, expertise ou formação em arquitetura hospitalar no momento em que foram contratadas. Além disso, a sede da empresa, desde sua constituição em 2012 e durante 2013, fazia referência ao mesmo endereço da residência do presidente da Santa Casa.

A investigação apontou que as contratações direcionadas à filha e ao genro totalizam R$ 1.447.805.00, que chega ao valor de R$ 3.177.650,68 com correção monetária e juros legais até o mês de março de 2023.

Houve ainda, conforme a ação cautelar, contratos da Santa Casa com a empresa de arquitetura, firmados desde 2012, por montante mensal de R$ 7 mil para o “suporte de eventuais projetos” e “acompanhamento das obras já finalizadas”. Segundo o documento, o presidente da Santa Casa e a sua filha confirmaram que “a contratação genérica é vigente e a empresa IMAGINAL continua a ser remunerada neste ano de 2023”. Ainda de acordo com o MP, nenhuma justificativa técnica se pode encontrar para a contratação de acompanhamento de obras já finalizadas. O órgão também salienta ser temerária a manutenção da ativação do contato para suporte de eventuais projetos diante da situação econômica do hospital.

A arquiteta Nathália constava como funcionária da empresa, recebendo um valor mensal de um salário mínimo, de dezembro de 2013 até junho de 2019, quando foi contratada para trabalhar na Santa Casa para ganhar sete salários mínimos.

O afastamento do presidente faz parte da Operação No Mercy, deflagrada nessa quinta, que cumpriu mandados de busca e apreensão, de sequestro de imóveis, de indisponibilidade de bens e de afastamento de cargos e empregos em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro. Conforme o MP, a indisponibilidade de ativos financeiros chegam a R$ 8.679.400,84.

Em nota nessa quinta-feira, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora afirmou que a instituição já vinha colaborando com as investigações do Ministério Público e que “isso seguirá sendo feito, mantendo a postura de transparência que sempre foi adotada pelo hospital e sua diretoria”.

Via Tribuna de Minas

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