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Na manhã do dia 7 de dezembro de 2017, todas as árvores plantadas na calçada do cemitério, na Rua 1º de Maio, no bairro Santa Maria, foram cortadas. A solicitação ocorreu por meio de um abaixo assinado feito pelos moradores vizinhos do local. A justificativa foi de que a raízes das árvores, além de quebrar o passeio, estariam servindo de ninhos para escorpiões, segundo análise feita pela Vigilância Sanitária.

Com isso, após a denúncia dos moradores, a Prefeitura Municipal, responsável pela manutenção do cemitério, agendou a dedetização da localidade. Já o corte das árvores foi autorizado pelo Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente, o Codema.

Na ocasião, o então Secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio-ambiente, Sidney Campos, relatou que havia por parte do Executivo o compromisso de substituir as árvores cortadas por espécies apropriadas para o perímetro urbano, porém, após um ano, o plantio não foi realizado. Em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal, a mesma informou que está sendo programada a retirada dos troncos.Contudo, por se tratar de um trabalho delicado e que precisa ser terceirizado, no momento, o município não tem condições de arcar com o serviço, tendo em vista outras demandas de maior urgência, principalmente por causa do período chuvoso.

“Quanto aos escorpiões, de acordo com Márcio, Coordenador da Vigilância Sanitária e Epidemiológica, no cemitério não está havendo ocorrência de escorpiões, tendo em vista o trabalho de dedetização periódica que foi realizado. Quanto às casas, em algumas, a Vigilância Epidemiológica realizou a dedetização onde houve a ocorrência. No entanto, não adianta fazer só o trabalho de combate. É ainda mais importante prevenir e os moradores devem colaborar nesse sentido, não deixando lixo e entulho expostos, principalmente madeira, mantendo tampados os ralos de banheiro e de pias, cobrindo frestas e buracos das paredes, entre outros,” declarou a Assessoria.

O caso com os escorpiões ganhou repercussão após matéria publicada na edição 171 do Jornal Barroso EM DIA ter mostrado a situação de barrosenses que viviam em estado de alerta e medo constantes. A incidência de escorpiões nas casas chegava a ser de 15 por dia, com episódios em que pessoas foram picadas. Os animais, que possuem veneno concentrado em sua cauda, estavam habitando o lixo e entulhos acumulados no interior do cemitério e migrando para as residências próximas. “Aqui em casa os escorpiões diminuiram mesmo. Realmente não aparecem com aquela frequência”, diz uma moradora da rua que preferiu não se identificar.

POLÊMICA

A decisão de cortar as árvores, que já ocupavam o local há 16 anos, gerou discussões nas redes sociais e levantou a opinião de defensores de causas ambientais. O sociólogo barrosense, Antônio Claret, mesmo antes dos cortes, fez o uso da “Palavra do Cidadão,” na Câmara Municipal, no dia 18 de setembro de 2017, e falou da importância da arborização. Na oportunidade, relatou que Barroso é uma das cidades que menos planta árvores no Brasil, onde dentre 5570 municípios, ocupa a 4689º posição no ranking divulgado pelo IBGE. Além disso, ressaltou que não há uma relação direta entre escorpiões e árvores, já que eles se escondem em pedras, entulhos, tijolos e se alimentam de insetos e baratas.

Já o biólogo Marcos Magalhães, também se pronunciou na época sobre o caso. Em um texto, publicado no site do Barroso EM DIA, onde contribui como colunista, ele relatou que o problema com os escorpiões não servia como justificativa para a decisão de cortar as árvores e que isso poderia ser caracterizado como crime ambiental.

Fato é que, um ano depois, a calçada na rua continua quebrada e as árvores não foram repostas, como prometido pelo secretário da época. “A decepção com o corte foi tão profunda que neste ano, pela primeira vez depois de 17 anos consecutivos, a Campanha Plante Uma Árvore não foi realizada. A nossa mensagem, porém, é de esperança e resiliência. A realidade política e econômica, no Brasil e no mundo, oferece uma ameaça inédita ao meio ambiente e é chegada a hora de todas as pessoas que amam a vida se unirem e agirem. Visite nossa página e faça parte de nossa comunidade”, diz nota da Comunidade Plante uma Árvore enviada ao jornal.

1 comentário

  1. Essa retirada dos troncos poderia ser feita pela tão prestativa Holcim, que nada faz para o município se não apenas atualmente poluir o ar que os barrosenses respiram e explorar a continuada sonegação de impostos enviando caminhões e caminhões graneleiros a cidade vizinha.

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