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A moradora do distrito de Emboabas, na zona rural de São João del Rei, Hortência Maria de Freitas, de 72 anos, está com a independência ameaçada pela demora em obter uma vaga em um hospital pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A idosa está com uma gangrena perna e estava internada na UPA há dez dias aguardando a liberação de uma vaga para passar por uma cirurgia vascular. A vaga da idosa só saiu após uma reportagem de denúncia feita por um jornal de Belo Horizonte.

Dona Hortência mora sozinha e sua mobilidade está ameaçada, pois ela corre o risco de perder as duas pernas por conta dessa demora, que já chega a 10 dias. A reportagem de denúncia é do jornal O TEMPO que conversou, nessa quinta-feira (15), com a filha de dona Hortência e acompanhou toda a saga da mãe em busca de um hospital para atendê-la.

Cerca de 2h após a publicação da reportagem de O TEMPO, a vaga da transferência da idosa saiu para uma unidade no município, segundo familiares. Caso a vaga não tivesse saído, a outra perna de Dona Hortência poderia ser prejudicada.

“Minha mãe já estava com essa dor na perna há algum tempo e, por isso, veio para São João para uma consulta. Após passar por exames, descobrimos que se tratava de um problema de artérias entupidas, e fomos repassadas para outro profissional. Acabamos vindo parar na UPA, onde ela já está há 10 dias esperando vaga para transferência”, detalhou a filha.

Com a perna esquerda já bastante inchada, os médicos da unidade municipal de saúde identificaram então uma infecção urinária, que passou a ser tratada durante a internação na UPA. “Mas o médico me avisou que o caso dela não era para lá, pois não tem estrutura para fazer a cirurgia vascular. Já são 10 dias esperando a vaga, procurei a esposa do prefeito, o secretário de saúde, e nada. Ela foi cadastrada no SUS fácil, mas falaram que estão cheios e não tem leito”, completou.

Pernas poderão ser amputadas

Com o passar dos dias, a situação da perna de dona Hortência foi ficando cada vez pior e, agora, os médicos da UPA já falam da necessidade de se amputar uma das pernas. Se não for tratada, Dona Hortência pode perder as duas pernas.

Mãe de um garoto que também é acamado, Ana Paula agora já pensa em como será sua vida se a mãe perder as pernas. “Sou filha única, já tenho meu menino para cuidar e, se isso acontecer, ela vai ter que vir morar comigo também. É muito triste. Já estou juntando os documentos para levar no Ministério Público (MPMG) para ver se me ajudam”, afirma.

O que dizem as autoridades

A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a Prefeitura de São João del Rei. Após falar em cinco ramais diferentes, ninguém foi localizado para comentar o problema enfrentado pela moradora do distrito.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), que administra o SUS Fácil, também foi procurada para explicar o motivo da demora, mas, até a publicação, ainda não tinha respondido aos questionamentos da reportagem.

Já o Ministério da Saúde, responsável pelo SUS, foi questionado sobre a situação e informou apenas que o Governo de Minas e a Prefeitura do Município deveriam ser indagados sobre o problema.

Via Mais Vertentes

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