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De cores fortes e vibrantes, com aromas diferenciados, as flores são símbolos de beleza e delicadeza, mas podem ser mais do que ornamentos.

É o que pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estudam no Campo Experimental Risoleta Neves, em São João del Rei: flores comestíveis.

Utilizadas desde a antiguidade pelos seres humanos, as flores também possuem propriedades medicinais e algumas espécies podem ser aproveitadas na gastronomia.

Em entrevista ao G1, Simone Novaes Reis, coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Floricultura, explicou que desde 2005 o Campo Experimental Risoleta Neves desenvolve pesquisa com flores ornamentais e comestíveis.

“Os cultivos destinam-se somente a pesquisa e não há comercialização de flores ou mudas de espécies ornamentais. Temos um grande número de flores que podem ser utilizadas na composição de diversos pratos doces e salgados. Dentre as espécies comestíveis, temos trabalhado com a capuchinha, o amor-perfeito e a calêndula, avaliando fontes e doses de adubos orgânicos. Os resultados vão auxiliar os produtores a obter produção de qualidade para atender ao mercado consumidor, reforçou Simone.

No Brasil, restaurantes de alta gastronomia utilizam certas flores diversos pratos, inclusive em sobremesas. O aumento de interesse da população para com assunto ocorreu através da valorização de alimentos naturais e a introdução de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS) na alimentação do dia a dia.

Para alertar os consumidores, a Epamig desenvolveu uma cartilha mostrando algumas espécies que podem ser consumidas e de qual maneira.

Confira algumas flores que podem ser utilizadas na gastronomia:

  • Flores de abóboras (cucurbita pepo): podem ser recheadas, empanadas, cozidas no arroz, em risoto ou suflê;
  • Amor-perfeito: pode ser feito em pétalas ou a flor inteira, flutuando em bebidas, saladas de frutas ou sopas;
  • Malvavisco: pode ser despetalada em saladas, pode ser cozida no arroz ou utilizada no preparo de geleias;
  • Ora-pro-nóbis: Pode ser utilizada em saladas, omeletes, salteadas puras ou em carnes;
  • Serralha: Flores e botões podem ser feitos à milanesa ou à dore.

O uso das flores comestíveis requer atenção, porque algumas espécies podem ser tóxicas e provocar náuseas, reações alérgicas, e em casos extremos, levar à morte. Simone informou que, para serem consumidas como alimento, as flores devem ser produzidas em sistemas agroecológicos, sem o uso de agrotóxicos e de fertilizantes químicos prontamente solúveis.

“Flores de corte comercializadas para decoração e mudas vendidas para paisagismo, encontradas em floriculturas, supermercados e outros pontos de venda, não servem para consumo como alimento.”, alertou a pesquisadora. A dica para quem quiser experimentar e consumir, é cultivar na própria casa a espécie ou adquirir em estabelecimentos confiáveis, que comercializam alimentos.

Projeto de lei pode beneficiar cadeia produtiva em MG

Em dezembro de 2019, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal aprovou um Projeto de Lei (PL) que cria a Política Nacional de Incentivo à Cultura de Flores e de Plantas Ornamentais de Qualidade.

A proposta, que busca estimular a produção e a comercialização desses produtos no Brasil e no exterior, segue para votação no plenário.

Ao G1, Simone explicou que a PL pode beneficiar toda a cadeia produtiva tanto em Minas Gerais, quanto em outros locais do país.

“O projeto prevê apoio de acordo com as características de cada região, apoiando economias locais e buscando a redução das desigualdades. Também está previsto crédito rural, assistência técnica e extensão rural, seguro rural, capacitação e também apoio a pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que pode beneficiar a Epamig e outras instituições mineiras”, afirmou.

Um dos focos da criação desta política nacional é a sustentabilidade da produção. “A floricultura já mostrou sua força e potencial de crescimento nos últimos anos. Podemos perceber que o poder público está procurando conhecer e apoiar ainda mais essa atividade”, destacou Simone.

Além das plantas comestíveis, o Campo Experimental Risoleta Neves estuda a rosa, o copo-de-leite, algumas espécies de flores tropicais, como bastão-do-imperador, sorvetão e antúrio.

Para 2020, a equipe da instituição pretende dar continuidade ao projeto de produção agroecológica de flores comestíveis. Outra iniciativa, que começará em breve, enxerga a floricultura como opção de diversificação e aumento de renda para cafeicultores na região do Campo das Vertentes.

Informações G1

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