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“Por favor, me medique. Quando não estou triste demais para me mover e até mesmo fazer coisas que gosto, eu estou ansiosa demais para existir e pensar. Me convenço de que não mereço nada de bom nunca e devia simplesmente sumir para sempre”, diz Juliana, nome fictício para a estudante de 20 anos, que recebeu diagnóstico clínico para os transtornos psicológicos aos 16 anos. Desde então, ela faz acompanhamento terapêutico aliado a medicação, mas todos os dias ela precisa travar uma batalha contra os próprios pensamentos, que são seus maiores inimigos.

O mês de setembro é normalmente associado às campanhas de prevenção ao suicídio e a luta contra a depressão e outros transtornos psicológicos que levam alguém a tomar a decisão de tirar a própria vida. A Prefeitura Municipal de Barroso, junto com os serviços de saúde do Centro de Atenção Psicossocial, o Caps, iniciaram as campanhas de prevenção no início do mês de setembro com uma programação voltada para a conscientização, desestigmatização e acolhimento.

Porém, não apenas em setembro se faz necessário o debate a respeito da saúde mental e dos efeitos que a privação de seus cuidados causam. Para a psicóloga Joseany Tostes, o cuidado com a saúde mental vai além do que é discutido em setembro. “Dando um exemplo genérico, é como fazer uma cirurgia bariátrica. A pessoa pode fazer a cirurgia e ficar feliz com o resultado esteticamente, mas se não tratar as causas da compulsão alimentar, de nada adianta. A situação não se sustenta por muito tempo porque o emocional foi negligenciado”, explica Joseany.

Joseany além de trabalhar com crianças e adolescentes, também faz parte do projeto sócio-filantrópico Um Dia de Cada Vez, fundado há quase um ano em parceria com outros profissionais da área. O projeto nasceu quando a idealizadora Ana Beatriz Pereira perdeu uma amiga que também enfrentava lutas contra transtornos psicológicos. Cerca de um ano após a primeira reunião, as organizadoras do projeto notaram obstáculos para manter de pé as ações sociais promovidas pelo grupo. Mesmo não sendo uma alternativa para a terapia individual, o projeto de terapia em grupo tem como foco oferecer suporte profissional a pessoas que não possuem a possibilidade de pagar consultas particulares. Apesar disso e dos efeitos da pandemia na saúde mental da população, a demanda pelo apoio em grupo vem caindo consideravelmente. A volta a rotina e indisponibilidade de horários são alguns dos fatores que implicaram para a evasão dentro dos grupos. Segundo Joseany, esse fator influencia também em outras atividades voltadas à saúde mental. “Quando falta tempo para os afazeres do dia a dia, a primeira coisa a ser cortada é a terapia”, diz Josy. Ainda de acordo com as fundadoras do projeto, a pandemia agravou o cenário de transtornos psicológicos, sendo pelo isolamento social, a perda de algum ente querido pela Covid ou pelo sentimento de desesperança que rondou o país nos últimos dois anos. Muitos que já conviviam com algum transtorno buscaram ajuda profissional após o período, havendo um aumento na conscientização a respeito do tema.

SERVIÇO

O projeto Um Dia de Cada Vez é mantido por voluntários que buscam contribuir com a saúde mental dos moradores de Barroso. Caso tenha interesse em participar dos grupos de terapia ou saber mais sobre, basta entrar em contato com o número 32 99111-2425 ou pelo Instagram @umdi4decadavez, com o número 4 mesmo.

Ana Gabriela
Repórter Estagiária
UFSJ

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