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O Cruzeiro e o Atlético são exemplos para o futebol e a sociedade brasileira. A epopeia dos times na temporada não envolve nenhum investimento astronômico – pelo menos não para os padrões do esporte – não envolve nenhum jogador-celebridade, não envolve o eixo Rio-São Paulo, não envolve a grande mídia e as maiores cotas de TV, não envolve um mega patrocinador… Apesar de todas essas ausências são histórias de absoluto sucesso.

Segundo reportagem do Lance (http://goo.gl/l2PsBC), o valor gasto pelo Cruzeiro com a montagem de todo o time titular (R$ 26 milhões) é 65% do valor gasto pelo Corinthians só com o jogador Alexandre Pato (R$ 40 milhões). A trajetória do Cruzeiro de 2013, guardadas as devidas proporções, lembra a do Oakland Athletics de 2002, retratada em livro e filme: “Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game” – O Homem que mudou o jogo (http://goo.gl/GKtMnI). Naquela temporada da liga americana de baseball, o manager do Oakland montou um time baseando-se exclusivamente nas estatísticas de aproveitamento dos jogadores e não na suposta fama dos mesmos. Os resultados foram incríveis.

O nome disso é eficiência e o retorno é impressionante. O meia Everton Ribeiro do Cruzeiro, por exemplo, veio do Coritiba por R$ 4,5 milhões e deve partir para o Liverpool por R$ 21,5  milhões (http://goo.gl/mw51Zw). A valorização do investimento Everton Ribeiro (500% em poucos meses) supera qualquer ação da bolsa de valores. Poderíamos ainda contabilizar a valorização dos demais jogadores, o aumento da bilheteria, a venda produtos do time e, claro, o título antecipado do Campeonato Brasileiro (que deve vir em breve) com a conseqüente valorização da marca do Cruzeiro.

O elogio ao Cruzeiro serve também para o Atlético. O Galo venceu a Libertadores e segue com um time forte apostando em jogadores jovens e (ex)desacreditados, como Ronaldinho Gaúcho. É fato que ainda precisamos reformular muitos aspectos do futebol, a começar pelos salários astronômicos e irreais de jogadores e técnicos, a distribuição dos recursos entre os times, a corrupção e a falta de transparência. O espetáculo dos times mineiros em 2013, no entanto, é revelador da possibilidade de sucesso, mesmo com orçamentos inferiores, mesmo fora do eixo Rio-SP.

A bipolarização Flamengo/Corinthians do futebol brasileiro que muitos previam, pautada pelos incentivos seletivos da imprensa e dos patrocinadores (não raras vezes estatais) não se confirmou neste ano. Aliás, depois de muito tempo não devemos ter um time paulista entre os brasileiros na Libertadores e o novo Maracanã deverá ser palco para o rebaixamento de um, senão dois, times cariocas.

É muito bom ver Minas dando exemplo para o Brasil. A lógica é simples: fazer mais com menos, com descrição, focado em resultados. Essa lógica serve para o futebol, mas serve também para a vida privada, para a política, para a administração pública, para os negócios… Espero que os demais times brasileiros, nas próximas temporadas, sejam inspirados pelos exemplos de Atlético e Cruzeiro, que se organizem para administrar bem e contratar jogadores que agreguem pelo talento e aproveitamento. O esporte que é a paixão nacional pode servir também de exemplo para mudanças de atitude, pois quanto mais eficiência, melhor.

Antônio Claret

 

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