Alvo de preocupação desde os deslizamentos de rochas que atingiram uma lancha e provocaram dez mortes, os cânions de Capitólio, na região Sul do estado, seguem fechados para o turismo desde a tragédia, há pouco mais de um mês. Nesta semana, uma equipe de geólogos da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), a pedido da prefeitura, iniciou um estudo sobre as condições do paredão. E as primeiras análises já apontam que há “perigo muito alto” por conta das características do local.
É o que adiantou o professor da Unesp, Fábio Reis, que coordena os trabalhos, ao jornal O Tempo. Os trabalhos em campo foram realizados a partir de duas frentes: uma de barco, pela água, com o mapeamento da região, e a segunda com uma escalada das rochas. “O maciço tem um comportamento geológico ruim em termos de estabilidade, com um perigo muito alto”, contou Reis. Conforme o especialista, a equipe deve soltar o relatório preliminar em até 30 dias.
“Já estamos em conversa com a prefeitura (de Capitólio) para fazer as orientações iniciais do que avaliamos nesta semana. Fizemos a coleta de dados e agora vamos para o escritório preparar o relatório”, explicou. Os geólogos também já estão em conversa com outros municípios que fazem parte do lago de Furnas – ao todo são 34 – para que vistorias sejam realizadas em outros cânions e cachoeiras. “Inicialmente, o foco é onde ocorreu o acidente, mas podemos expandir”, declarou. Essa é a primeira vez que um estudo dessa magnitude acontece na região.
O turismo no chamado ‘Mar de Minas’ ganhou fôlego há menos de dez anos, com a oferta dos passeios de lancha e também por veículos 4 x 4 nas principais atrações do entorno. Só em Capitólio, o setor já é responsável por 65% do PIB e nos feriados prolongados o município, que tem 4.000 habitantes, chega a receber até 20.000 pessoas. Em 2019, um decreto municipal trouxe regras para a navegação na região, principalmente nos cânions, e reduziu o tempo de permanência, além de limitar o número de barcos.