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O outono e o inverno são estações em que as pessoas tendem a ficar mais reclusas devido ao frio. Algumas se sentem mais desanimadas, se isolam e ficam mais tristes ou mais sonolentas. Tais sintomas podem estar associados a um distúrbio chamado Depressão Sazonal. Também conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), esse é um subtipo de depressão ligado à chegada destas estações, quando os dias ficam mais curtos, as noites mais longas e quando recebemos menos incidência dos raios solares. De acordo com o psicólogo Vanderson Rocha, quando uma pessoa fica menos exposta, ou sem exposição alguma ao sol, acontecem alterações na produção de duas substâncias essenciais para o sono: a melatonina e a serotonina.

Para entender mais sobre esse estado, é preciso reconhecer alguns sintomas e entender a origem do mal-estar. Conforme explica o psicólogo, a melatonina é o hormônio que mantém o ciclo normal do sono e seu pico de produção ocorre no período da noite, pois funciona como um aviso ao corpo de que é hora de dormir. Ela está diretamente ligada ao ciclo circadiano (ciclo de luminosidade e escuridão), que controla diversas funções do corpo ao longo do dia. Por causa disso, quando o corpo não recebe luz, a retina envia informações para determinadas regiões do cérebro, que liberam a melatonina – causando sonolência durante o dia.

Já a serotonina tem o trabalho relacionado aos sentimentos de satisfação e bem-estar. Suas principais funções incluem a regulação do humor, sono, libido, ansiedade, apetite, temperatura corporal, ritmo cardíaco e sensibilidade. Ela é a responsável pela comunicação entre as células nervosas que auxiliam no comportamento, atenção e memória. Por essa razão, a redução à exposição da luz solar influencia no comportamento das pessoas no dia-a-dia.

Sintomas recorrentes podem indicar o transtorno: 

Natália Salles, 38, foi diagnosticada com depressão sazonal, mas não imaginava que os sintomas estariam relacionados ao, principalmente porque ela conta que amava estações mais frias: “Na verdade eu nem sabia que tinha essa tendência à depressão nesses dias mais escuros, mais secos. Inclusive, é uma coisa que tenho que estar sempre em alerta. Se estou em um lugar fechado e sem luz, já fico deprimida normalmente. Esse diagnóstico foi feito durante consultas normais, sobre como eu me sentia em determinados dias relacionado aos tempos mais frios.” 

Com a chegada do outono e inverno, é comum que as pessoas se sintam mais indispostas e sem energia. E esse é um fator que pode atrasar um possível diagnóstico ou mesmo confundir as pessoas. Diante disso, para distinguir a possibilidade da depressão sazonal dos efeitos gerais da chegada destas estações, o Ministério da Saúde informa que a pessoa deve analisar se os sintomas vão se repetir por, pelo menos, dois anos consecutivos, sem quaisquer episódios não sazonais durante esse período.

De acordo com o psicólogo Vanderson Rocha, o desinteresse, por parte da pessoa em fazer coisas que gosta, interagir com os amigos e familiares e cuidar da própria saúde são os principais indícios de que a depressão pode estar se instalando. Somado a eles, podem ocorrer tristeza sem motivo aparente, falta de energia para realizar atividades, principalmente na parte da manhã, sensação constante de sonolência e/ou cansaço, sensação de inutilidade, e aumento nos hábitos alimentares.

 

Natália, antes mesmo de receber o diagnóstico, já sentia sintomas recorrentes nessas estações: “Eu ficava mais chorosa, sem saber o que estava acontecendo, sem energia, querendo dormir até tarde, sem vontade de levantar e fazer exercício. Na minha cabeça eu queria mudar, mas a força não vinha.”

O transtorno pode, ainda, trazer impactos na pele e cabelo. De acordo com a dermatologista Ana Paula Macedo, na pele podem acontecer alterações hormonais que se desencadeiam em acne, escoriações, ressecamento e o aparecimento de eczemas e dermatites. Já em relação ao cabelo, é comum a queixa de queda dos fios – quadro este denominado de eflúvio telógeno, muitas vezes relacionado ao estado emocional.

 

Medidas que ajudam: 

 

Para reduzir a possibilidade de desenvolver a depressão sazonal, Vanderson e Ana Paula recomendam algumas estratégias que podem fazer a diferença para quem é suscetível à condição. De acordo com os profissionais, é importante ter mais contato com raios solares e luzes artificiais, além de manter os cômodos da casa e o local de trabalho com persianas e cortinas abertas. Segundo Vanderson, mesmo quando se sente a sensação de angústia e tristeza, é necessário buscar escrever os próprios sentimentos para colocar para fora esta sensação.

 

Buscar momentos de prazer também é importante, como aproveitar a companhia de amigos e familiares ou praticar hobbies e atividades físicas. Ingerir bastante líquido, evitar banhos muito quentes e usar cremes hidratantes são outros cuidados que reduzem os impactos que o distúrbio causa na pele e no cabelo.

Para a sua recuperação, Natália tomou essas medidas e ainda reforça o quanto buscar tratamento é importante. “Ter autocuidado, ter um bom livro, entender o que está acontecendo com você, ver filmes que te elevam, estar em uma boa roda de amigos, eliminar o que te faz mal e terapia. Todo mundo na vida tem que fazer terapia”, recomenda.

Via Tribuna de Minas

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