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O isolamento social e a crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus têm impactado a vida e o trabalho de milhares de domésticas pelo país. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Locomotiva divulgada na semana passada mostra que 39% dos patrões de diaristas e 13% dos contratantes do serviço mensal dispensaram os serviços das funcionárias. 

Essa é a situação de Keila Aparecida, de 40 anos, e diarista há dez. Ela perdeu 66% dos trabalhos que fazia por semana: agora, faz apenas duas das seis faxinas fixas que tinha. “Faço faxina em uma clínica de oftalmologia que precisou fechar, e eu não estou recebendo. Tem outros dois patrões que me dispensaram, porque as empresas deles não estão tendo lucro. E tem um dos patrões que me dispensou porque está fazendo tratamento de câncer, é do grupo de risco, mas continua me pagando. Então estou recebendo somente de duas pessoas”, contou.

Keila, que saía de casa por volta das 5h30 e voltava às 18h, agora passa mais tempo na sua residência que fora. “Agora, trabalho às vezes sim, às vezes não, sem nada certo, porque a gente não sabe como vai ser amanhã. É complicado”, lamenta.

“As coisas têm sido assim, de repente. Infelizmente, fico mais em casa que no trabalho”, finalizou.

MAIS DADOS

Foram ouvidas 1.131 pessoas, de 72 cidades de todos os Estados. A margem de erro do estudo é de 2,9%, e a confiabilidade, de 95%.

O Brasil tem 6,5 milhões de domésticas, e 11% das famílias contam com o serviço de ao menos uma doméstica – 7% têm diarista, 3% contam com mensalista e 1% tem as duas.

Há quem pague mesmo sem ter limpeza

Já as irmãs Lucilene Silva, de 45 anos, e Lucileia Silva, de 40, tiveram amparo maior: não estão trabalhando, mas recebem as diárias normalmente. De acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, esse é o comportamento de 39% dos patrões, que optaram por manter os pagamentos mesmo sem os serviços prestados. 

“A pandemia está aí, mas as contas não tiram férias. Está difícil pra todo mundo, mas as pessoas para quem trabalho são boas demais, têm consideração por mim. Isso ajudou muito”, disse Lucilene, que tem três patrões.

Ainda existe esperança 
Nos últimos dias, Lucileia voltou a fazer faxina em dois dos seis lugares onde trabalha. “As outras quatro pediram para que eu aguarde mais um pouco. Mas, graças a Deus, o pessoal continua pagando”, comemora. A pesquisa mostrou que as faxinas ocorrem com a mesma frequência que antes da Covid-19 em apenas 23% dos lares do Brasil.

Informações O Tempo

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