A noite de sábado, 03 de agosto, foi de muita alegria para o casal Ivânia Catarina e Carlos Gomes. A canção “Muralhas”, apresentada por eles, que vieram da cidade de Praia Grande (SP), foi destaque dentre as músicas classificadas para a final do Festican, o Festival da Canção de Barroso, e ficou com o primeiro lugar na 30ª edição do evento, que reúne músicos, intérpretes e composições vindas de várias partes do Brasil.
As apresentações tiveram início na noite de quinta-feira (01), quando 13 músicas concorrentes foram selecionadas para subir ao palco. Na sexta-feira, outras 13 classificadas para a primeira fase também tiveram a oportunidade de se apresentar aos jurados que, então, puderam escolher entre todas as concorrentes quais passariam à final, no sábado.
Dentre as músicas de Barroso, apenas duas se classificaram para a final: “Indecisa Mulher”, de Nivaldo Augusto, interpretada por seu filho Maicon Oliveira, e “Herdeiro da Viola”, com autoria e interpretação de Renato Ferreira.
De acordo com Ivânia Catarina, a carreira deles se confunde com a história do Festican, já que boa parte da sua obra já foi apresentada nos palcos barrosenses. “Quer conhecer o nosso trabalho, conheça o festival de Barroso”, brinca ela.
Participar dos festivais, para eles, é uma coisa da vida inteira. São três décadas de estrada. Para Carlos Gomes, a coisa mais bela da vida é a vida. E a forma que eles melhor encontraram pra celebrá-la é cantando pelo Brasil afora, já que é isso que garante o carinho das pessoas, o afeto e o respeito mútuo, como acontece em Barroso. Ivânia concorda com o parceiro. “A gente vem aqui há muitos anos e temos um carinho imenso pelo festival de Barroso. Nos últimos anos não tivemos oportunidade de participar aqui, mas a gente retorna e percebe que o carinho do público com a gente permanece o mesmo e há uma reciprocidade nisso, já que temos muito carinho por Barroso”, exalta a intérprete.
Para o maestro Ronaldo Medeiros, membro do corpo de jurados do Festican, o evento a cada ano vem sendo moldado, pelos próprios participantes, e vai criando uma particularidade interessante. “O bom do festival é que sempre temos novos estilos de música, novos arranjos, novos instrumentos e músicos de outros estados, que contribuem para o aprimoramento do festival”, comenta ele.
O ponto negativo neste ano foi voz geral entre músicos, público e apreciadores assíduos do festival: o local em que foi realizado. O evento tem um público cativo, mas infelizmente não é o que mais atrai os barrosenses. E, sendo realizado no Parque de Exposições, com o frio que fazia nas noites do festival, o ambiente acabou ficando mais vazio, já que o local é bem maior que a Praça Salvador da Silva, onde geralmente era realizado o Festican. Trata-se de um ponto que precisa ser revisto pela organização.
Zé Geraldo foi atração no sábado
Encerrando a trigésima edição do Festican, a cidade recebeu o show do músico Zé Geraldo, que atraiu bom público ao Parque de Exposições e esquentou a noite fria com boa música e muita animação. Para o artista, é fundamental a realização desses festivais, pois eles representam uma grande resistência da música brasileira de qualidade. Ele, que já participou de festivais, falou de algumas dificuldades que passou na vida e que foi a música quem o fez viver novamente. “Eu estava na crise dos 40 anos e bebia muito. Tinha muitos motivos para beber. E quem não tem motivos, sempre acha um. E eu achava. Enfim, passei por muitos problemas. E eu só continuei a minha carreira porque descobri, em um show especial no Sesc Pompéia, em São Paulo, que eu tinha meu público, que gostava mesmo da minha música. Isso foi um divisor de águas”, declara ele, ressaltando que, ali ele se salvou como pessoa, pois as coisas mudaram desde então. Segundo Zé Geraldo, agora ele vive em função do seu público e é isso que o inspira a continuar na estrada tocando. “Estou feliz de voltar a Barroso porque, quando a gente volta, é sinal de que os versos ficaram por aí e, com certeza esses versos continuam com as pessoas”, finaliza ele, no camarim, minutos antes do show.
Rhonan Neto – UFSJ
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