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SERGIO (1)

Quando o mundo entrou no século XXI, na chamada era dois mil, todos começaram a fazer comparações do extenso planeta da globalização, da tal evolução, enfim, milhares de cidadãos começaram a enxergar um mundo futurista, milhares, exceto, Sérgio Pedro da Silva, o Sérgio da saudosa Geni e do Tuti, como é conhecido em Barroso.

Mal um novo século começava e Sérgio já enfrentava problemas, que nem a tecnologia, pelo menos até agora, era capaz de resolver. Ele perdia a visão do olho direito, decorrente de um glaucoma. Resultado: aposentadoria e seis anos depois, a perda total também da visão do olho esquerdo, um deslocamento de retina. Várias cirurgias e nenhum êxito. Ano de 2007, em plena era moderna, entre os ganhos bilionários com as invenções e criações, Sérgio perde a visão. O fim? Acabou? A resposta é não.

Apesar do desespero óbvio, Sérgio “viu”, mesmo que sem a visão natural, dois caminhos a seguir: se entregar ou ir à luta. O caminho que Sérgio escolheu é fácil saber, é só encontrá-lo em um fim de semana em Barroso. A resposta está em seu rosto, no seu sorriso de esperança. “Sempre tive apoio da família, dos amigos e da própria sociedade barrosense e este apoio é fundamental para superar todos os limites”, diz.

Quando toca no assunto e no termo deficiente visual, Sérgio descreve o novo mundo como fascinante. “Tem coisas que faço agora que não conseguia fazer com a visão perfeita”, ressalta ele que revela que o maior obstáculo é o preconceito e a discriminação. Espaço que precisou ser ampliado para mais uma batalha, a de ser graduado no Curso de Serviço Social, na Universidade Salgado de Oliveira, Universo, Juiz de Fora, onde hoje está no sexto período. “Fazemos faculdade através da informática com programas nos computadores que leem os textos. Gravamos as aulas e também temos leitores voluntários”, explica ele que teve que fazer uma cirurgia para preparar a vista para a aplicação das células tronco, em um projeto piloto de uma clínica em São José do Rio Preto, onde foi inserido pela sua família em uma lista de pacientes para fazerem testes, com grandes chances positivas no tratamento. “Para participar deste teste, tive que fazer a cirurgia e contei com um trabalho muito árduo de minha esposa, Lucí, a ajuda de amigos e da sociedade barrosense. Foi uma ação social muito positiva e por todo este contexto a esperança não se apaga, até porque ainda estou aguardando a chamada para a aplicação das células tronco. Mas não me apego muito nisto, vou tocando minha vida para frente com dificuldades, mas feliz”, finaliza.

O certo é que, enquanto o mundo não volta a ter cores, Sérgio se apega na força da família, dos amigos barrosenses e da alma da mãe, que dá cor a cada dia aos passos de um filho, irmão, homem, que pode ter perdido a batalha, mas não a guerra.

 

DIABETES EM BARROSO

De acordo com dados da Apdibar (Associação dos Portadores de Diabetes de Barroso), fundada em junho de 2004, a cidade tem hoje cerca de 350 diabéticos associados ativos, mas já chegou à marca de 689 cadastrados desde sua fundação. “Destes, alguns faleceram, outros mudaram de cidade e alguns deixaram de frequentar”, declara Paulo Murilo, Presidente da Associação que faz questão de ressaltar que o diabetes é seu melhor amigo. “Se eu não for amigo dele, há consequências sérias”, brinca Paulo que batalha nas campanhas para que as pessoas trabalhem em cima da prevenção.

Para se ter uma ideia da importância da Campanha, em 2012 foram feitas 604 glicemias, detectadas 21 alteradas. “Fizemos o rastreamento, procurando-os e os orientando. Dentre estes, alguns seguiram firme no tratamento e conseguiram normalizar a glicemia; outros não. Todos eles continuam conosco na Associação”, diz. Hoje há um dado estatístico mundial, que cerca de 7 a 9% de qualquer população tem diabetes, ou seja, em Barroso, dentro dos 8% de média do cálculo, cerca de mil e 600 pessoas têm diabetes.

 

O caos se instala (texto de  Sérgio Pedro da Silva)

Diante da grande busca da acumulação capitalista, os trabalhadores e a sociedade barrosense se encontram em meio à barbárie da questão social, percebendo, neste cenário, as reivindicações da classe trabalhadora uma certa resistência da iniciativa privada e do estado (prefeitura) sem forças para intervir e criar condições claras para retomar a ordem social. No entanto, quem sai mais prejudicada é a sociedade barrosense que se vê, diante do aumento de várias refrações da questão social, sem políticas públicas e sociais propositivas que correspondam ao cenário posto pelo desenvolvimento capitalista. Porém, precisa-se fazer de Barroso um espaço político sem brigas partidárias, mas que se discuta com proposições e respostas, que a opinião pública traga suas sugestões, suas insatisfações e que, junto aos nossos políticos e a iniciativa privada, sejam mostrados caminhos e soluções que a população necessita para tornar este cenário também um espaço político e de controle social, com informações, divulgações e ações sociais. Portanto, quanto ao capitalismo e à classe trabalhadora, sempre haverão contradições e resta-nos criar métodos e estratégias para que se possa superar esta conjuntura e que seja mediada e traga para nossos jovens e nossas crianças uma perspectiva para um futuro bem melhor, que mostre realmente a busca da cidadania e o respeito aos direitos humanos. Enfim, é preciso mostrar para quem está chegando a força de nosso povo, nossa cultura, nossas tradições, nossa religiosidade, nossa solidariedade comunitária, no intuito de conseguir, juntamente com a iniciativa privada e o estado, acolher bem os trabalhadores e suas famílias que aqui estão chegando para buscar meios de sua sobrevivência. Assim sendo, é preciso descortinar uma sociedade digna de um aparato que traga o bem estar social, sem discriminações, preconceitos e na certeza de que se cumprirá o mínimo na luta contra a grande injustiça na distribuição de bens de sobrevivência, que traz a enorme diferença social existente em nosso país.

“A cidadania não é dada aos indivíduos de uma vez para sempre, não é algo que vem de cima para baixo, mas o resultado de uma luta permanente, travada quase sempre de baixo, a partir das classes subalternas com um processo histórico de longa duração”. (Carlos Nelson Coutinho).

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