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“O que vai vir para Barroso no futuro?” Esse é um dos questionamentos mais comuns nos últimos dias no município de Barroso, com cerca de 20 mil habitantes. A questão é que muitas pessoas não estão entendendo ao certo a chegada, repentina, de grandes redes de supermercados da região. “Eu acho que tem algo a ver com a venda da fábrica de cimento”, diz o e-mail de um leitor enviado à reportagem do Barroso EM DIA que ainda completa com a seguinte frase: “coincidência ou não, tão logo foi divulgada a venda da LafargeHolcim, os donos destes supermercados começaram a investir em Barroso”, descreve o cidadão que, assim como boa parte da população, está intrigado. “Alguma coisa tem aí. Estes empresários não iriam arriscar tanto dinheiro assim”, diz uma outra mensagem enviada via WhatsApp para a redação.

Desconfianças de bons mineiros à parte, o fato é que três grandes empresas do varejo supermercadista já estão operando em Barroso. A primeira a chegar foi a rede Esquinão, uma empresa familiar com mais de 40 anos e que está presente nas cidades de São João del-Rei, Santa Cruz de Minas e Tiradentes. “São mais de 700 famílias empregadas diretamente, sem falar nos empregos indiretos que são os fornecedores, prestadores de serviço, dentre outros. Temos muitos clientes em Barroso e nas cidades próximas e sempre recebíamos pedidos dos clientes da vontade de ter o Esquinão na cidade de Barroso e a oportunidade surgiu com a venda do Supermercado Melo”, ressalta Imaculada Nascimento, sócia-proprietária do Esquinão. A negociação entre as partes foi efetivada no dia 1 de maio. Ainda no que diz respeito ao Esquinão, o Engenheiro Civil, Ivan Pinel Machado, declarou que uma filial do supermercado está nos planos dos empresários sanjoanenses e será construída, até o final do ano, no bairro Jardim Bandeirantes. Poucas semanas depois, foi a vez de outra rede, também de São João del-Rei, o Bergão, efetivar uma transação com outro Supermercado de Barroso, o Alvorada. E, não obstante, a mesma rede adquiriu também o tradicional Rei Supermercado, no Bairro da Cohab, em Barroso, ou seja, em menos de dois meses, o Bergão se apossou de dois supermercados na cidade. Por fim, além das duas grandes redes, foi inaugurado nos últimos dias, um novo supermercado na cidade: o Silveira Supermercado, Rede Super Mais, de Barbacena. Apesar de ter sido o último a lançar sua inauguração, diferente dos concorrentes, o SuperMais construiu sua própria sede, na praça Gustavo Meireles, no Centro da cidade.

CONSEQUÊNCIAS

Além de mais variedade e menores preços nos produtos devido à concorrência, o cidadão barrosense, que por um lado ganha com a chegada dos grandes supermercados, por outro sofre a baixa com o fechamento dos pequenos comércios co-relacionados a essas empresas, tais como hortifrutis, padarias e açougues. É o caso do Mercadinho da Sara que, com cerca de cinquenta anos de tradição, encerrou suas atividades nesse mês de julho de 2021. “Neste sábado, 24 de julho, foi o nosso último dia com as portas abertas na cidade de Barroso”, conta Denner César Graçano, o Teco, proprietário do estabelecimento. Inaugurado na década de 70, o Merca-dinho, que começou timidamente, ganhou corpo e conquistou clientes em toda Barroso nas décadas de 80 e 90. Mesmo com o falecimento do proprietário fundador, Armando Graçano, o Mercadinho, que ficou sob direção da viúva Sara Graçano, continuou e sobreviveu até os dias atuais. Com a ajuda do filho Teco, Sara, com muito trabalho e dedicação no Mercadinho, criou sua família ao longo dos anos 2000, quando entregou a administração ao filho. “Com a idade da mãe, acabei assumindo o Mercadinho, mas já não era a mesma coisa daquela época. As coisas mudaram e tivemos que modernizar para acompanhar as mudanças”, explica Teco que ao longo dos últimos 20 anos viveu altos e baixos à frente do empreendimento.
Porém, depois de anos de tradição, diante das adversidades da pandemia e do momento adverso na economia brasileira, as atividades, que tiveram uma redução brusca nos últimos anos, foram encerradas neste julho de 2021. “É uma decisão muito difícil, mas é preciso seguir outros rumos. Lamentamos muito pela tradição, mas era necessário”, diz Teco que também contou que ao anunciar o fechamento viu clientes antigos chorando dentro do Mercadinho. “Algumas pessoas se emocionaram com a triste notícia”, conta o empresário.

FECHAMENTO

Para especialistas e empresários locais, o Mercadinho da Sara é um dos exemplos de pequenas empresas que não tiveram e não terão fôlego para encarar a concorrência dos grandes empreendimentos na cidade. Donos de estabelecimentos que competem com o varejo supermercadista também já relataram que estão perdendo com a chegada das grandes redes. “É muito bom para o povo em geral, mas para nós que temos pequenos empreedimentos é o fim”, diz um empresário que não quis se identificar e também pode fechar as portas em breve.

EMPREGO

Por outro lado, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, Barroso teve, no acumulado do ano, 705 admissões contra 446 desligamentos, o que mostra um total positivo de 259 contratações em 2021. Foram 155 admissões na cidade somente no mês de junho deste ano. No entanto, ainda segundo dados divulgados oficialmente, foram 82 demissões. Portanto, um saldo total de 73 empregos gerados no mês. Se levarmos em conta o período de 12 meses, de junho de 2020 a junho de 2021, os números são de 362 contratações no total. Foram 1.137 admissões e 775 demissões.

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