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20 de dezembro de 2012, há uma década, Eloíza Fernanda da Silva, de 21 anos, saía da casa da sogra onde morava e iria para o trabalho, na região central de Barroso. Como de costume, faria o trajeto que liga o Bairro João Bedeschi ao centro da cidade. Naquela quinta, Eloíza saiu de casa e deixou o esposo e a filha, de três anos de idade, e nunca mais voltou. “A última vez que vi minha filha foi na quarta-feira (19), na casa da sogra dela, onde ela morava. Eu sinceramente achei ela meio triste, mas podia ser coisa de mãe”, diz Neide Rodrigues Maria Silva, em uma das reportagens da época.

Naquela quinta-feira, a jovem Eloíza encerrou mais um expediente de trabalho, mas não conseguiu retornar para casa. “Na quinta de manhã, por volta das 11h, recebi uma ligação da minha sogra perguntando se Eloíza tinha dormido na minha residência, a partir dali meu mundo acabou”, relata Neide. Na internet, ainda que limitada naquele tempo, um movimento à procura da jovem se iniciava e cerca de dois dias depois, na manhã do sábado (22), exatamente há 10 anos, o corpo de Eloíza foi encontrado na Rua Deudes José de Matos, a Rua da Cadeinha, em um lugar de mata fechada, atrás do Hospital de Barroso, próximo ao leito do Rio das Mortes. Naquela trágica manhã, a perícia da Polícia Civil esteve no local e depois dos trabalhos de praxe, o corpo foi removido por funcionários de uma funerária e levado para o Instituto Médico Legal (IML). Naquela ocasião a Polícia informou à reportagem, como consta nas matérias do jornal da época, que o corpo havia sido encontrado sem roupas e que haviam sinais de estrangulamento por cordas.

Agosto de 2012, cerca de cinco meses depois do ocorrido, resultados de exames realizados pelo IML, em Belo Horizonte, não apontaram direção para a investigação e o Crime da Cadeinha, como ficou conhecido, segue sem definição. “No material coletado não havia nenhum vestígio do autor do crime”, repassa ao barrosoemdia o então Delegado de Barroso Alexsander Soares Diniz que estava à frente do caso e declarou que continuaria rigorosamente com as investigações.

Ainda na época, um barrosense, acusado e preso pelo estupro de sete mulheres em São João del Rei, também chegou a ser declarado o maior suspeito, mas com a ausência de provas no laudo do IML, ele não foi considerado o autor do crime.
Iniciava-se ali um dos crimes mais complexos da história da cidade de Barroso, o Crime da Cadeinha.

E até hoje a pergunta persiste: Quem matou Eloíza?

PERGUNTAS

Esta é a pergunta que muitos barrosenses têm feito nos últimos anos. E dez anos depois, a reportagem continua atrás de palavras e solução, mas a cada ano as respostas vão ficando vagas e uma enorme ferida continua se abrindo no peito dos familiares e amigos que clamam por respostas e justiça. “Não quero morrer sem saber quem matou minha filha. Vou lutar até o último dia da minha vida”, diz Neide que recentemente falou à Rádio Liberdade e desabafou sobre o Crime da Cadeinha.

“Quem matou minha filha não matou só ela, matou um pouco de cada um de nós”, diz a mãe que também ressalta que perdeu uma outra filha por uma doença e o marido que estava acamado e doente depois do que aconteceu. “Com tudo isso ele teve um AVC e não suportou. Aliás, não sei como aguento tudo isso, só Deus mesmo para nos dar força e viver com este vazio. Minha neta, filha de Eloíza, que na época tinha três anos de idade, desde os seis fala para mim que quer ser policial, só para poder descobrir quem fez isso com a mãe dela”, relata Neide que diz sofrer ao ver a menina e todos os outros sofrendo sem respostas. “O marido dela sofre e a minha sogra também. Todos nós sofremos com isso. Inclusive recebo muitas mensagens de um monte de mães me mandando forças, todos os dias, até hoje, dez anos depois”, relata a mãe de Eloíza que continua procurando respostas.

RESPOSTAS

E foi justamente atrás de respostas que o barrosoemdia foi atrás. No início deste mês, a reportagem entrou em contato com o ex-delegado de Barroso e responsável pelo caso, Alexsander Soares Diniz, que declarou que todas as diligências e informações poderiam ser levantadas pelo atual delegado da cidade. “Vou deixar com o Doutor Roberto que é o titular da unidade atualmente”, declarou Alexsander que fez questão de atender a reportagem e repassar os contatos necessários.

Já o atual Delegado Roberto Fernando Nobrega Filho, que está atuando em Barroso, declarou que sobre o caso, ele não teria conhecimento, pois chegou na cidade em janeiro de 2019, ou seja, sete anos depois do ocorrido. “Posso pedir informações aos investigadores”, sugeriu Roberto com o intuito de colaborar com a matéria do barrosoemdia. Porém, até o momento nenhuma nova informação havia sido repassada ao meio de comunicação.

Entre outras dezenas de perguntas que poderiam ser feitas, fica a falta de informação no que diz respeito ao inquérito policial. Não foi possível apurar também se ainda existe investigação em curso e se tem alguma novidade sobre o Crime da Cadeinha, que chocou a cidade e colocou a população em estado de alerta.

“Vocês já pararam para pensar uma coisa: o assassino da Eloíza está por aí, andando entre nossas filhas, sobrinhas, netas… Há qualquer momento ele pode agir novamente e tirar a vida de mais uma pessoa inocente. Não temos que esperar acontecer com nossos filhos para indignarmos, porque a próxima vítima pode ser nossos filhos. Clamamos por justiça, ontem, hoje e sempre”, diz uma leitora do jornal que prefere não se identificar, mas fez questão de lembrar a data e recordar que acompanha o caso há muitos anos. “Este caso, este femicídio, sempre me incomodou. Não podemos deixar passar, mesmo que passe 10, 20 ou 30 anos, isso não pode acontecer, principalmente em uma cidade onde todos se conhecem”, relata a leitora incoformada com a injustiça. “Será se fosse o filho do tal estaria até hoje assim?”, pergunta.

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