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Em meio às repercussões da morte da escrivã Rafaela Drumond, de 32 anos, e de denúncias de que ela pode ter sido induzida ao suicídio por supostamente sofrer assédio dentro da Polícia Civil, um médico-legista lotado na cidade de Araxá, na região do Alto Paranaíba, tirou a própria vida nesse domingo (18). O policial de 44 anos também atuava como psiquiatra na cidade mineira e, nas redes sociais, conhecidos e pacientes lamentaram a grande perda. Não há qualquer relato de que o profissional tenha sofrido assédio na instituição policial.

Uma nota assinada pela chefe da Polícia Civil, Letícia Gamboge, obtida por O TEMPO, confirma a morte do médico, que era lotado no Posto Médico-Legal de Araxá. “Aos familiares, colegas e amigos do médico, nossos mais sinceros sentimentos pela irreparável perda. A Chefia da Polícia Civil é solidária a todos aqueles que sentem a profunda dor pelo falecimento”, complementa o texto oficial.

O Sindicato dos Escrivães de Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindep-MG) também foi procurado, mas, até o momento, não se manifestou sobre a morte do policial.

Também procurada por O TEMPO, a Polícia Civil informou, por nota, que instaurou um procedimento investigativo para “apurar as circunstâncias da morte do médico-legista”. “A PCMG se solidariza com os familiares, amigos e colegas do policial civil, bem como conta com a sensibilidade de todos neste momento de luto e de extrema consternação”, finalizou a instituição policial.

Saúde dos servidores e precariedade na instituição:

O autoextermínio da escrivã Rafaela Drumond, de 32 anos, da Polícia Civil de Minas Gerais, lotada em Carandaí, com circulação de áudios indicando pressão psicológica e assédio moral, acendem um alerta para um quadro muito mais profundo dentro da corporação: falta de estrutura e consequente deterioração da saúde mental dos servidores. Um problema que segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG) é consequência de uma soma de fatores: falta de equipamentos e as condições inadequadas de serviços das delegacias, além da falta de cerca de 7 mil servidores na instituição.

Realidade essa que é confirmada pelo delegado-geral Antônio Carlos de Alvarenga, que atua na Divisão de Polícia Interestadual (Polinter). Conforme Alvarenga, a instituição tem defasagem de 50% na quantidade de escrivães, 45% de investigadores, 42% de delegados e de 35% de peritos. Situação que compromete a investigação dos crimes, com cerca de 10% dos casos apurados, e provoca sobrecarga de trabalho, com o consequente adoecimento dos servidores.

Para o delegado Alexsander Soares Diniz, titular na Delegacia de Barbacena, a unidade de Carandaí, onde a escrivã Rafaela Drumond estava lotada, oferecia condições adequadas para que as equipes realizassem os trabalhos. “É uma delegacia que possui estrutura condizente ao trabalho policial”, garante.

A morte da escrivã Rafaela Drumond será tema de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião deverá ocorrer na primeira semana de julho, em data ainda a ser definida. A realização da audiência foi determinada na última terça-feira (13), após requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PL), durante encontro da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa.

Via O Tempo

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