Como a população pode ajudar no incentivo à pesquisa e a ciência no Brasil? No caso da cidade de Gonçalves, em Minas Gerais, os moradores colaboraram oferecendo estadia e alimentação para que um grupo de estudantes conseguisse realizar trabalhos para compreender melhor a diversidade de espécies que ocorrem em um trecho de Mata Atlântica em partes da Área de Proteção Ambiental Fernão Dias.
O time que estava sob orientação do professor Dr. Marcos Magalhães de Souza, do Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, realizou quatro viagens ao local, totalizando 20 dias de coletas em um período de seis meses. Dessa jornada obtiveram alguns resultados, como: 110 espécies de borboletas registradas, 50 libélulas e 30 opiliões.
Além do objetivo de avaliar a abundância e a riqueza de comunidades desses animais nas áreas florestais, a ideia do projeto era também coletar o máximo de material fotográfico das espécies observadas para atrair novos olhares e fomentar o turismo local.
“Dessa forma todo mundo que visitasse as áreas do município sairiam dali com uma consciência ambiental em construção”, explica o professor Marcos de Souza.
O que ele e a equipe de alunos não imaginavam, no entanto, era que uma nova espécie de libélula fosse descoberta durante esse trabalho. “Quando olhei o bicho ele me chamou a atenção, mas soubemos de fato que se tratava de uma nova espécie apenas com a confirmação do taxonomista no laboratório, já que as diferenças estão em detalhes morfológicos muito específicos”, complementa o professor.
A libélula encontrada mede entre oito e 10 centímetros, possuí um padrão de coloração em tons amarelados e vive em áreas de alta altitude da Mata Atlântica, preferencialmente perto de pequenos córregos, assim como outras espécies do gênero. Ela recebeu o nome científico de Brechmorhoga goncalvensis, em homenagem a cidade de Gonçalves, onde foi encontrada.
Informações G1