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Caminhar pela cidade com uma câmera na mão, atento aos detalhes frequentemente ignorados pelo olhar apressado do cotidiano, e transformar essa experiência em criação poética. Essa é a proposta de Fragmentos de um olhar sensível: Barbacena e a experiência do errante, livro recém-lançado pela editora A Arte da Palavra (2025), assinado por Alexandre Costa, Guilherme Ragone, Guilherme Lélis e João Pedro Amaral.

A obra nasce do exercício do caminhar, do observar e do registrar. Fotografias e textos poéticos se articulam para revelar fragmentos da vida urbana de Barbacena, explorando cenas ordinárias, paisagens esquecidas e instantes efêmeros que compõem a identidade sensível da cidade.

O livro é resultado de um projeto de iniciação científica desenvolvido no Centro Universitário Presidente Antônio Carlos (Unipac Barbacena), coordenado por Alexandre Costa, professor do curso de Publicidade e Propaganda. A pesquisa contou com a colaboração de Guilherme Ragone, professor do curso de Arquitetura, além dos estudantes Helena Garcia (nos primeiros meses do projeto), Guilherme Lélis e João Pedro Amaral.

O prefácio é assinado pelo sociólogo Edson Brandão, que sintetiza a essência da obra ao afirmar:
“Os olhares erráticos das lentes de Alexandre Costa, Guilherme Ragone, Guilherme Lélis e João Pedro Amaral sobre a paisagem de Barbacena, neste itinerário aleatório em busca da alma da cidade, são pura poesia, pois perscrutam com profundidade a essência dos lugares registrados.”

A concepção do trabalho dialoga diretamente com o conceito de flâneur, formulado por Walter Benjamin, que propõe a experiência de percorrer a cidade sem destino fixo, permitindo que o olhar descubra sentidos ocultos nos espaços urbanos. Essa perspectiva orienta o percurso visual e textual do livro, marcado pela errância, pela observação e pela escuta sensível da cidade.

Lançado em formato e-book, o livro confronta passado e presente ao registrar transformações urbanas e a ação do tempo sobre construções coloniais e neoclássicas. Uma das imagens mais emblemáticas retrata uma casa localizada na rua Lucas Chaves. Durante o processo de produção da obra, o edifício — onde funcionou uma unidade do Narcóticos Anônimos — foi fotografado em estado de abandono. Dias depois, ao retornar ao local, os autores constataram que o prédio havia sido demolido.

“Isso demonstra como a cidade é dinâmica e está a serviço do pensamento dominante do presente”, observa Alexandre Costa. O texto que acompanha a imagem, intitulado Não é mais, dialoga com a célebre reflexão de Karl Marx sobre a transitoriedade da vida moderna: “tudo o que é sólido se desmancha no ar”.

A vitalidade urbana também aparece nos registros do Jubileu de São José, tradicional festa da cidade, onde o sagrado convive com o profano; nas barracas de camelô da praça dos Andradas; ou ainda em espaços emblemáticos do cotidiano, como a pastelaria Mexicana, ponto de encontro para um cafezinho, um pastel fresquinho e uma boa prosa.

“Queríamos ir além do olhar convencional que apresenta Barbacena apenas por seus cartões-postais e patrimônios mais conhecidos, como o IF Sudeste, a Aeronáutica ou o Pontilhão. Nosso interesse foi registrar o cotidiano, aquilo que parece banal, mas que guarda a verdadeira beleza da cidade: o desenho das ruas, os gestos, o caminhar das pessoas”, destaca Alexandre Costa.

O e-book Fragmentos de um olhar sensível: Barbacena e a experiência do errante está disponível para venda na Amazon, clique aqui! 

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