Em Minas Gerais, infrações que envolvem direção e uso de bebida e/ou outras drogas, aumentaram 13,4% em maio deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado – de 1.666 para 1.890, segundo a Polícia Civil. A elevação ocorreu durante a pandemia de Covid-19, quando a orientação é que a circulação de pessoas diminua para evitar o contágio pelo vírus.
O dado pode ser analisado sob duas óticas, segundo o delegado Rodrigo Fagundes, da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito do Detran-MG. “As pessoas em casa estão fazendo ingestão de bebida alcoólica. E aquelas que insistem em pegar o veículo, seja por qual motivo for, apesar da orientação de ficar em casa, estão sendo abordadas nas blitze, que continuaram a ser realizadas”, disse. Ele ressaltou que o objetivo das operações é justamente coibir quem insiste em conduzir veículos sob efeito de álcool e outras substâncias psicoativas.
As operações de trânsito da PM também continuam normalmente em todo o Estado, segundo a tenente Rayanne Batista, do 2º Batalhão de Polícia de Trânsito. “Redobramos os cuidados para não ter a contaminação do cidadão abordado nas blitze. O militar faz a higienização das mãos, e o próprio condutor pega o aparelho e sopra. Após cada abordagem, higienizamos o aparelho”, disse.
De acordo com o psiquiatra Rodrigo de Almeida Ferreira, dirigir sob efeito de drogas, sobretudo na pandemia, demonstra falta de percepção dos perigos da prática. “É uma atitude impulsiva, e quem faz isso minimiza os riscos e acha que não vai ter problema”, disse ele, que também é terapeuta cognitivo-comportamental.
Usar bebidas e drogas é uma forma de cobrir este vazio que estamos vivendo no isolamento, segundo Maria Alice Ribeiro de Carvalho, psicóloga clínica. “Quando a pessoa faz isso (dirigir drogado), comete microssuicídio”, afirma.