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A morte da escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) Rafaela Drumond, de 31 anos, na última sexta-feira (9), levantou dúvidas sobre a rotina de trabalho e a pressão que sofrem os agentes do estado. Rafaela trabalhava em uma delegacia em Carandaí, e tirou a própria vida na casa dos pais em Barbacena.

Segundo o diretor do Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de Minas Gerais (SINDEP-MG), Marcelo Horta, o dia a dia dos policiais é estressante, e isso é somado a um ambiente de trabalho nada saudável. Rafaela havia denunciado supostos casos de assédio moral e sexual dentro da unidade em que atuava. “A gente entende que é uma tragédia o que aconteceu. É uma tragédia anunciada. O sindicato tem atuado fortemente no combate ao assédio que é uma coisa terrível que acontece na polícia”, disse.
Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria. Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.

Para Marcelo, o problema está enraizado na instituição. Ele diz que a Polícia Civil pouco faz para coibir casos como o de Rafaela. “A grande luta é que a polícia não está dando apoio. Ela tem uma metodologia de trabalho arcaico. É preciso reformular a metodologia de trabalho, que não é eficiente e gera muito prejuízo. A cultura institucional precisa ser melhorada. É essa cultura, do século passado, que faz com que o machismo, assédio, autoritarismo ainda impere. É contra esse tipo de atitude que estamos lutando. Infelizmente, esse tipo de cultura que vitimizou nossa colega”, relatou.
Atualmente, o Sindep-MG possui mais de dez denúncias de assédio contra agentes no estado. “Temos mais de dez casos investigados pelo sindicato. O assédio atinge um número muito maior porque as pessoas têm medo de denunciar. Temos percebido que quem denuncia sofre um ataque institucional”, explicou o diretor.

O que diz a Polícia Civil:

O caso está sendo investigado pela instituição. Não foi informado quem são os agentes em que Rafaela fez a denúncia nos áudios. “Cabe ressaltar, ainda, que foi instaurado procedimento disciplinar e inquérito policial, com o objetivo de apurar as circunstâncias que permearam os fatos”, diz a nota.
Via Estado de Minas

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