Desde que o primeiro caso de Covid-19 no Brasil foi confirmado, em 26 de fevereiro de 2020, o país conta 48.221 (42%) pacientes que se recuperaram da doença. Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado ontem, 114.715 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus, e 7.921 morreram.
O estudante Matheus Marcondes Campos, 23, integra o quadro de curados da Covid-19. Tanto ele quanto os pais foram infectados, mas nenhum deles tem sinais do vírus no corpo. “Tive os sintomas primeiro, com tosse muito seca, recorrente, por volta do dia 25 de março. Dois dias depois, meu pai, que mora comigo, manifestou mais sintomas, como febre e dificuldades para exercer atividades corriqueiras”, detalhou o estudante.
A mãe dele, por outro lado, teve a perda do olfato como único sintoma da doença. Os três, que moram com o caçula da família, de 6 anos, ficaram isolados enquanto os sintomas não passavam. “Consultamos alguns médicos conhecidos por telefone, e essa foi a orientação deles, e, quando passaram os sintomas, fomos fazer um teste rápido, que comprovou que eu tive a Covid-19 e que meus pais ainda estavam com a doença”, contou. Agora, os três permanecem em isolamento, saindo somente para comprar o necessário.
Segundo o relato de Campos, a família passou “por um momento de tensão, de ansiedade”. “Nós não apresentamos sintomas graves, e imagino que tenha sido menos desesperador do que algumas pessoas estão passando. Foi assustador por se tratar de uma doença desconhecida, mas conseguimos superar”, relatou.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas não informou o número de pacientes recuperados no Estado. Em nota, a pasta disse que “o sistema de Vigilância em Saúde é formatado para identificar pessoas doentes”.
Outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Maranhão têm números separados para mostrar quem se recuperou. No Rio de Janeiro, foram 7260 recuperados; em Pernambuco, 1235 pacientes estão curados. Já no Maranhão, 1.115 se recuperaram. Em São Paulo, 5.102 pessoas com diagnóstico de COVID-19, que estiveram internadas em leitos de enfermaria ou UTI de hospitais públicos e privados, passaram por tratamento e receberam alta.
Ainda não é o ideal
A taxa de recuperados no Brasil, de 42%, conforme explica o médico infectologista Carlos Starling, vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, está dentro do esperado para a doença, mas a taxa de mortalidade preocupa. “A taxa hoje está em 7%. Imagine que metade da população do Brasil seja infectada, será como se uma cidade do tamanho de São Paulo sumisse”, comparou.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estêvão Urbano, pontua que, embora o número de recuperados seja bom, ainda não é o ideal, já que o contingente de pessoas que já tiveram contato com a doença ainda é pequeno e ainda não é o suficiente para a estratégia de “imunização de rebanho”. “Ainda estamos muito longe de ter 60% a 70% da população imune, que é o que dá segurança às medidas de flexibilização”, explica.
O número de mortes confirmadas pela Covid-19 atingiu seu recorde em 24h nesta terça-feira (5), com 600 mortes a mais registradas desde o informe da segunda-feira (5).
Nesse sentido, os especialistas ressaltam que é muito importante continuar seguindo as recomendações das autoridades de saúde. A necessidade dos respiradores, por exemplo, é bastante elevada porque há baixo giro de leitos, já que os pacientes internados com a Covid-19 chegam a ficar até três semanas internados e demandando a ventilação mecânica para sobreviver.