A reportagem do Barroso EM DIA (BED) ouviu três barrosenses que foram registrados no Boletim Epidemiológico da Prefeitura como casos suspeitos na cidade. São dois homens e uma mulher, que concordaram em falar com a condição de anonimato. Ao BED, os três falaram sobre os sintomas, a ansiedade e o medo que vivem ou viveram na quarentena.
As entrevistas foram realizadas por telefone, através de aplicativos ou ligação telefônica.
O Paciente A, um homem de 37 anos, que chegou a ficar internado no Hospital Macedo Couto, contou que o maior desafio é vencer a ansiedade. “Tudo começa quando a enfermeira coloca aqueles cotonetes na garganta e no nariz. A partir dali você entra em desespero e realmente acha que está com o vírus”, conta o homem que se refere a coleta de secreções realizada por profissionais da saúde de Barroso. “Eu tentava ficar tranquilo, mas só de imaginar que poderia ter o vírus e que poderia morrer por falta de ar, me deixava desnorteado”, explica o homem que confessa que chegou a rir do vírus. “Eu ficava falando com meus amigos no trabalho, quando tudo isso começou, que comigo essa doença não tinha vez, mas quando me fizeram o exame e passei a noite sozinho no Hospital eu realmente tive medo, muito medo. Achei que iria morrer e não ver meus parentes mais. Nunca mais brinco com essas coisas”, conta.
Já o Paciente B, outro homem de 41 anos, que também fez o exame, mas não precisou ser internado, porque os sintomas não estavam evidentes, fala da dificuldade de dormir e do medo de ter contraído outras pessoas. “Meu medo era ter o vírus e ter contaminado as pessoas com quem eu tive contato”, conta. “Eu tive contato com crianças, amigos e familiares e só me passava pela cabeça que se essas pessoas tivessem o vírus a culpa seria minha”, diz.
Por fim, o Paciente C, uma mulher de 36 anos, não esconde que o seu maior medo era ter uma parada cardíaca, ser internada, morrer e nem poder realizar um velório. “Eu sei que as pessoas acham exagero, mas você fica vendo a doença, o vírus se alastrando pelo mundo inteiro e pessoas morrendo, você pensa na hora que isso vai acontecer com você. É um sentimento horrível, você imagina, tem pesadelo do seu velório vazio. Não desejo a ninguém”, conta a mulher que começou a tossir, ter febre e falta de ar. “Na verdade, a falta de ar eu acho até que não tinha, mas a cabeça da gente fica tão ruim, que começa a faltar respiração”, retrata.
Outro fato comum entre os pacientes é o drama de esperar o resultado do exame, que no início demoravam até uma semana. Todos os três suspeitos já receberam o resultado dos exames que deram negativo. Eles cumpriram a quarentena e hoje vivem normalmente, mas foram enfáticos em ressaltar que ficarão em casa, pois não querem passar pelo que passaram novamente.
“Você volta a viver novamente quando te entregam o exame, na sua casa. Ali eu voltei a respirar normalmente”, diz o Paciente B.