No próximo domingo [31 de março] relembraremos os 55 anos do dia em que as forças armadas, partindo de Juiz de Fora em direção ao Rio, instauraram a ditadura no nosso país.
O pensador britânico Lord Acton nos lembra que se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente. Por isso, relembrar a ditadura significa relembrar os absurdos praticados pelo regime: assassinatos, torturas, estupros, exílios, covardias, mentiras, censura…
Há, porém, um aspecto pouco discutido quando o tema é a ditadura. Trata-se das consequências sociais do período. Muito se fala do crescimento econômico da década de 1970 e muitos olham para aquele momento com certo saudosismo. O fato concreto, no entanto, é que, assim como na Venezuela, os ditadores aqui nos devolveram um país com a economia em colapso e um “legado” de extrema desigualdade e pobreza.
A inflação do período superava os 150%, a dívida pública explodiu e o país ficou estagnado por mais de uma década. No computo geral, a ditadura foi incapaz de oferecer melhores condições de vida para a maioria da população. O Censo de 1991 nos dá uma boa noção sobre a Barroso que tínhamos até o fim da década de 1980. Naquele ano, a nossa taxa de mortalidade infantil era de 31, próxima da que hoje tem Honduras, um dos países mais pobres do nosso continente. Nosso IDH, abaixo de 0,5, era considerado muito baixo, próximo do que hoje tem a Costa do Marfim. Nada menos que 50% da nossa população encontrava-se em situação de pobreza e 12% dos adultos eram analfabetos.
O quadro social, extremamente precário e perverso, contrasta com os dados mais atuais revelados pelo Censo de 2010. É verdade que os desafios permanecem enormes, porém o Brasil avançou muito mais em justiça social no período democrático que no período ditatorial. Sobre esses avanços falaremos na próxima semana.
por Antônio Claret
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