A cidade de Lafaiete compartilha da apreensão que tomou conta das cidades mineiras que abrigam barragens de rejeitos da atividade mineradora. Os moradores da região da Água Preta e dos bairros Bellavinha, Morro da Mina, Capela da Paz e Manuel de Paula têm há anos como vizinha a mina de manganês construída pela Vale, mesma empresa responsável pela barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho.
Alarmadas pela tragédia, lideranças comunitárias da região decidiram reunir a comunidade na noite de terça-feira (29) na capela do Morro da Mina, para discutir a situação. Segundo Viladerlan Alves de Souza Júnior os representantes da Vale não dão informações concretas que atestem a segurança da barragem, sobre o volume de rejeitos de manganês nela armazenado e se existe algum plano de emergência para evacuação da área em caso de risco iminente. Viladerlan adiantou que uma comissão de moradores tem reunião marcada para esta quinta-feira (31) com o Ministério Público, quando pedirá apoio à cobrança de medidas preventivas que afastem de vez o perigo de perdas humanas. O mesmo apelo será feito à Câmara de Vereadores e à Prefeitura Municipal.
Já moradores da cidade vizinha a Lafaiete, Congonhas, também se mobilizam e cobram ações sobre barragem
Uma reunião realizada pela comunidade dos bairros próximos à Barragem Casa de Pedra, de propriedade da CSN Mineração, contou com uma multidão formada por moradores de toda a cidade na noite de terça. Eles temem por algo semelhante ao ocorrido em Mariana e Brumadinho. O prefeito Zelinho esteve presente ao encontro, acompanhado de secretários e servidores municipais, para reafirmar seu apoio e solidariedade. Ao final da reunião, os moradores acordaram que irão encaminhar à direção da empresa algumas reivindicações que visam a proteger toda aquela comunidade.
Em nota oficial, divulgada na tarde de ontem, Zelinho ratificou o posicionamento de seu Governo, contrário a um novo alteamento da barragem em Congonhas. O compromisso havia sido assumido oficialmente perante moradores e Governo do Estado desde 2015.
VALE
Ainda no se refere à tragédia, em coletiva realizada na noite de quarta-feira (29) o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, declarou que as atividades de mineração no entorno de barragens de Brumadinho e de Mariana serão paralisadas. O processo deve demorar de um a três anos. Além disso, o presidente disse que vai acabar com dez barragens, como a que se rompeu em Brumadinho. Segundo ele, essas barragens serão descomissionadas. Schvartsman afirmou que descomissionar significa preparar a barragem para que ela seja integrada à natureza.