Uma família diz ter sido agredida por três policiais militares que faziam ronda no Condomínio Vertentes, no Bairro Grogotó, em Barbacena, cidade da região do Campo das Vertentes.
O caso teria ocorrido na última terça-feira (18), quando os policiais abordaram uma estudante de 18 anos para uma revista e, de acordo com os familiares, ela e os pais dela foram alvo de agressões físicas e verbais, inclusive de caráter homofóbico. Sobre a denúncia, o Comando do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM) informou que foi aberta uma investigação para apurar os possíveis abusos de autoridade feitos à família.
O caso
Segundo a família, a estudante Karina de Oliveira da Costa foi abordada pelos três policiais quando voltava da lixeira do condomínio. Ela relatou que as agressões começaram durante a revista. “O soldado já me puxou botou na parede e deu chute. Eu falei com ele ‘soldado, não faz isso não, sou mulher’. ‘Eu não quero saber, a autoridade aqui é eu, encosta’. Me bateram e chutaram de novo e eu pedi ‘por favor, sou mulher, não mexo com drogas’ ‘ eu não quero saber, cala a boca e fica aí’”, disse. Ela afirmou ainda que os militares debocharam dela por ser homossexual. “Eles me chamaram de sapatão, estranha, esquisita, traveco, isso tudo”, disse.
A confusão atraiu a atenção do pai da estudante, o vendedor Pedro Roberto da Costa, que ouviu a conversa e foi atrás da filha. Ele disse que tentou defendê-la, mas também acabou sendo agredido pelos policiais. “Eu estava ‘engravatado’, aí um deles voltou e me jogou de bruços no chão, me deu choque e chutes na cabeça, soco no rosto”, comentou.
A mãe da estudante, a cobradora Kátia de Oliveira Santos, não estava em casa e disse que ouviu a confusão por telefone e que resolveu ir até o condomínio, em seguida partiu em defesa da filha. “Arrancaram o botão da calça dela, puxaram com força, chutaram as pernas dela, bateram na cabeça. Foi quando eu cheguei agitada e eles foram e juntaram em mim também”. Toda a família foi detida por desacato. Segundo a cobradora, na viatura eles sofreram mais agressões.
“Foi o tempo todo me agredindo, me chamando de vagabunda, barraqueira, de safada, de tudo quanto era nome. Eu comecei a bater boca com eles dentro do camburão. Ele pegou a garrafinha d’água que ele estava tomando e jogou na minha cara e na da minha filha que estava atrás”, afirmou.
Apuração
Os pais e a filha passaram por exame de corpo de delito. A família entrou em contato com a Corregedoria da Polícia Militar de Barbacena. De acordo com o capitão Charley Ramos Vidal, será aberto procedimento para apurar se houve abuso de poder e preconceito durante a ação dos policiais. “O que a gente tem efetivamente são as versões de uma parte, que é a parte da pessoa que está oferecendo a denúncia. Nós não temos ainda as versões dos policiais. Precisamos garantir a eles o exercício do direito do contraditório e da ampla defesa”, explicou o capitão.
Ele ainda detalhou como será feita a apuração. “É por isso que a gente tem o procedimento investigatório, para que a gente tenha as condições de apurar através das testemunhas que foram arroladas no Boletim de Ocorrência (BO), das testemunhas apontadas pelas pessoas que estão envolvidas na ocorrência e assim concluir os fatos”, disse.
Ainda segundo o capitão Vidal, as apurações do caso devem ser concluídas no prazo de 30 a 40 dias. Se for comprovado que houve abuso de poder e preconceito durante a ação dos policiais militares, o caso será encaminhado para Justiça Militar, onde serão adotados os procedimentos para punição dos envolvidos.
Uma reportagem com a família foi ao ar no telejornal MGTV, 1ª edição. Assista ao vídeo clicando aqui.
Informações do G1
Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.